Carol Dartora é vítima de terrorismo racial e recebe apoio para o exercício pleno do seu mandato

Deputada Carol Dartora. Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

A deputada Carol Dartora (PT-PR) denunciou na tribuna da Câmara, nesta terça-feira (5/11), o terrorismo racial que vem enfrentado desde o dia 14 de outubro. Ela relatou que vem recebendo ameaças que tentam afastá-la da vida pública, “uma violência que busca silenciar e intimidar uma mulher preta que ousou ocupar um espaço de poder.” Carol enfatizou que essas ameaças são mais do que intimidações. “Elas são uma forma brutal de tortura psicológica, um esforço calculado, para me manter em estado de alerta e de medo constante”, afirmou.

Ela disse que não se pode ignorar o impacto dessas ameaças em sua saúde mental. “Eu convivo diariamente com o medo, mas sigo resistindo. Esta luta não é só minha, é de todas nós que acreditamos em um Brasil sem racismo, sem violência e sem medo”, afirmou. Carol ainda pediu o apoio de todos para enfrentar o racismo em todas as frentes e proteger a democracia da intolerância racial, que promove o desastre racial. “Mas esta realidade vai mudar! Nós estamos aqui, nós não vamos morrer! Quem vai morrer é o racismo do mesmo jeito como ele nasceu: podre”, garantiu, ao receber aplausos dos parlamentares.

Solidariedade

Deputada Maria do Rosário. Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

Carol Dartora também recebeu o apoio e a solidariedade da Bancada do PT e do PCdoB e de parlamentares de vários partidos que acompanharam, atentamente e indignados, o seu pronunciamento. A deputada Maria do Rosário (PT-RS), 2ª Secretária da Mesa Diretora da Câmara, afirmou que a bancada petista se sente unida, “mas não somos só nós, não é, Benedita da Silva (RS), Ana Paula Lima (SC), Camila Jara (MS), Jack Rocha (ES), nosso líder Odair Cunha (MG)? Não somente o PT, mas também a Câmara dos Deputados deve ao Brasil a garantia do exercício pleno dos mandatos parlamentares”, destacou.

Na avaliação da deputada Rosário, quando uma mulher é atacada, “quando uma mulher preta, corajosa, com a força de Carol Dartora, carrega e transcende, a partir das bases populares, para chegar a este espaço representando todas as outras, ela tem o nosso aplauso, mas também, desta Instituição. Ela precisa ter a proteção de vida e a garantia do seu mandato. Por mais Carol, por muitas Carol neste plenário!”, defendeu.

Por isso, continuou a 2ª Secretária da Câmara, “nós estamos aqui por ti Carol, com a força com a qual tu nos lideras, pela liberdade e direitos de todas as mulheres! Nós somos Carol, porque não admitiremos que continuem transformando as mulheres, sobretudo, as mulheres negras, no destino de Marielle”. Ela se refere a Marielle Franco, que foi assassinada pela sua atuação política.

Mais mulheres negras no Poder

Ao também defender a deputada Carol Dartora, a presidente da Comissão de Direitos Humanos, Minoria e Igualdade Racial da Câmara, deputada Daiana Santos (PCdoB-RS), afirmou que os ataques podem ter o efeito de reforçar o investimento para que mais mulheres negras ocupem o espaço do Parlamento. A deputada afirmou que, em nome também da bancada do PCdoB, “venho aqui dizer que nós vamos reforçar a nossa atividade, a nossa atuação, mas principalmente o nosso investimento para que mais de nós ocupemos este espaço, pois, se o questionamento é porque uma de nós está protagonizando, saibam que não há mais volta. Nós não seremos caladas, muito menos interrompidas”.

Deputada Daiana Santos. Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

Daiana Santos alertou ainda que é preciso olhar para isso que está acontecendo nesta Casa “com a responsabilidade que nos cabe de organizar, criar, construir protocolos efetivos de garantia do direito pleno da participação das mulheres, principalmente das mulheres negras, na política”. Ela relatou que a Secretaria da Mulher recebe inúmeros relatos de violência política, “mas é óbvio que algumas mulheres jamais conseguirão seguir, porque perdem as forças no meio do caminho. A deputada Carol ocupa este espaço e acaba sendo uma referência para essas mulheres que são atacadas”, observou.

Investigação e punição

Deputada Jandira Feghali. Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), as ameaças a Dartora tem origem em correntes neonazistas e racistas. “Precisamos responder coletivamente como Parlamento, e as autoridades precisam investigar e punir para que seja defendida a vida, a história e a luta da deputada Carol Dartora”, propôs.

Deputado Vicentinho. Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

E o deputado Vicentinho (PT-SP) destacou a atuação “corajosa e competente” da deputada Carol Dartora. Ele avaliou que isso incomoda os preconceituosos. “Os racistas são frágeis, frágeis de inteligência, temerosos, têm medo de o povo crescer. Os racistas, os violentos demonstram a pior das suas fraquezas”, ressaltou.

Racismo estrutural

Para Carol Dartora, as ameaças, esse terror, não afeta apenas ela. “Ele representa um ataque a todos que acreditam na luta por justiça e igualdade neste País. Essa violência é uma arma que sustenta o racismo estrutural, buscando manter pessoas negras, indígenas e outras minorias sob submissão. Ela evidencia a urgência de políticas que combatam o racismo em todas as suas esferas”, frisou.

PL das cotas

Por isso, segundo a parlamentar, ela tem se dedicado à relatoria do PL de Cotas (PL 1958/2021), uma política afirmativa fundamental, para garantir que as populações negras, indígenas e quilombolas possam acessar espaços de trabalho com mais equidade e dignidade. “Esse projeto não é apenas uma medida de reparação histórica, mas uma ação concreta, para reduzir desigualdades e fortalecer a democracia”, reiterou.

Violência política de gênero

A deputada destacou ainda a importância do PL 2540/2023, de sua autoria, que garante um protocolo de proteção a parlamentares, especialmente mulheres pretas, que sofrem com violência política de gênero e raça constantemente. “Esse projeto visa garantir dignidade e segurança, para que possamos exercer nossos mandatos sem medo e para que outras mulheres negras possam se ver representadas e incentivadas a participar da política”, argumentou.

 

Vânia Rodrigues

 

 

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