Os parlamentares da Bancada do PT na Câmara criticaram, em suas redes sociais, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de manter, nessa quarta-feira (19/6), a taxa básica de juros (a Selic) em 10,50% ao ano. Com a decisão, o País segue com a segunda maior taxa de juros real do mundo.
Para a presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), não há justificativa “técnica, econômica e muito menos moral” para manter a taxa básica de juros em 10,50%, quando nem as mais “exageradas especulações colocam em risco a banda da meta de inflação. E não será fazendo o jogo do mercado e dos especuladores que a direção do BC vai conquistar credibilidade, nem hoje nem nunca”, apontou.
Não há justificativa técnica, econômica e muito menos moral para manter a taxa básica de juros em 10,5%, quando nem as mais exageradas especulações colocam em risco a banda da meta de inflação. E não será fazendo o jogo do mercado e dos especuladores que a direção do BC vai…
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) June 19, 2024
O líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), disse que manter a taxa é uma “sabotagem” a todos os esforços do governo Lula para o crescimento do Brasil. A decisão, segundo o parlamentar, restringe o crédito e o consumo.
Guimarães explicou ainda que a manutenção dos juros acima de 10%, acima de juros reais, subtrairá R$ 102 bilhões dos cofres públicos. O próprio Banco Central estima que o impacto de cada ponto percentual da Selic corresponde a R$ 50,1 bilhões na dívida líquida do setor público.
Em 12 meses, o Brasil gastou R$ 800 bilhões em pagamento de juros. O mercado financeiro é o maior beneficiário da drenagem de recursos públicos.
A decisão do Copom de manter a Selic em 10,50% ao ano é uma sabotagem a todos os esforços do governo @LulaOficial para o crescimento do Brasil. Restringe o crédito e o consumo. Muito se fala em corte de gastos, mas não se fala em corte de juros. A manutenção dos juros em 10%,…
— José Guimarães (@guimaraes13PT) June 19, 2024
Política Fiscal
Em seu perfil no X (antigo Twitter) o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) fez críticas à decisão do BC de incluir a política fiscal em seu comunicado, o que, segundo ele, não é função do banco.
Ele argumenta que o órgão está usando a política monetária para pressionar por cortes de gastos, influenciado pelo “mercado”, que defende austeridade e cortes sem querer aumentar impostos sobre os ricos.
A grande novidade do comunicado de hoje do Copom é à alusão à política fiscal, que antes não havia.
Assim, o comunicado diz que:
O Comitê monitora com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. O Comitê…— Lindbergh Farias (@lindberghfarias) June 20, 2024
Farias critica a alta taxa de juros reais do Brasil, a segunda maior do mundo, e afirma que isso dificulta o equilíbrio fiscal, ao beneficiar apenas os ricos e não a economia real. Ele alerta que essa abordagem pode levar o país a um cenário de austeridade extrema, como na Grécia e na Argentina, o que contraria o mandato de Lula.
Sabotador
O deputado Paulo Guedes (PT-MG) acusou o presidente do BC, Roberto Campos Neto, de sabotar o País e defende que ele saia do comando do órgão. “O sabotador do Brasil. O presidente Lula já foi avisado: Campos Neto estaria fazendo pregações contra o governo em reuniões com o mercado do setor produtivo. Tem alguém surpreso aí? Lula tem razão: Fora, Campos Neto”.
O deputado Merlong Solano (PT-PI) também questionou a possível “sabotagem”. “Em mais uma decisão contrária aos interesses do Brasil, Campos Neto segura a taxa de juros em 10,50%. Que presidente do BC no mundo trabalha para sabotar a economia do próprio País? ”
“Confederação Nacional da Indústria, Federação das Indústrias do RJ, Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos e Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo criticaram a manutenção da taxa de juros em 10,50%. Quem produz no País não aguenta mais esses juros”, lamentou o deputado Bohn Gass (PT-RS).
Ciclo de cortes
Com a decisão unânime, o Copom interrompe o ciclo de cortes da taxa básica de juros iniciado em agosto de 2023, contrastando com as próprias sondagens do Boletim Focus, divulgado semanalmente pelo BC.
Na segunda-feira (14), o Boletim informou que as estimativas sobre o IPCA em 2024 estão em 3,96%. Indicador permanece, portanto, dentro do teto de 4,5% da meta estabelecida pelo Banco Central, de 3%.
“Não há explicações para que o Brasil continue tendo a segunda maior taxa de juros do mundo a não ser continuar favorecendo o enriquecimento de rentistas. O Banco Central optou por continuar priorizando o lucro dos agentes do mercado financeiro, mesmo que isso penalize os trabalhadores e empreendedores brasileiros e prejudique o crescimento econômico do país”, destacou o deputado Carlos Zarattini (PT-SP).
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“O presidente do Banco Central joga contra o Brasil. Fomos à Justiça contra Campos Neto, pois precisamos de um presidente do Banco Central que priorize a economia do país e o bem-estar da população. Essa postura deliberada contra o crescimento do Brasil não será tolerada pela bancada do PT. O Banco Central precisa estar comprometido com o povo, não com jogos políticos”, escreveu o deputado Carlos Veras (PT-PE) em seu perfil no X.
Ação Popular
A Bancada do PT na Câmara, coordenada pela presidenta do partido, ingressou, na 6ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária do Distrito Federal, com uma Ação Popular requerendo que seja determinado que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, “se abstenha de fazer pronunciamentos de natureza político-partidária, ou ainda que deixe de pronunciar qualquer apoio à candidatura ou pretensão de ocupação de cargo político, enquanto perdurar o exercício do cargo”.
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Lorena Vale, com PT Nacional