O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara (CDHM), deputado Paulão (PT-AL), afirmou nesta quinta-feira (15) que torce para que a Campanha da Fraternidade de 2018 – lançada oficialmente na quarta-feira (14) pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) – conscientize a sociedade e os governos sobre o problema da violência no País. Com o tema “Fraternidade e superação da violência”, a campanha da CNBB busca, segundo o cardeal Sérgio da Rocha, presidente da entidade, valorizar “a vida e a dignidade das pessoas”, principalmente “de grupos sociais mais vulneráveis que têm sido atingidos frequentemente”.
Para o presidente da CDHM, a campanha está sintonizada com a infeliz realidade de um País onde ocorre mais de 60 mil mortes decorrentes da violência por ano. “Esse verdadeiro genocídio que ocorre no Brasil se assemelha a uma guerra, embora não a vivamos oficialmente. E esse genocídio tem um recorte, ocorre principalmente contra homens negros, pobres e moradores da periferia. Espero que com essa campanha os poderes constituídos possam tomar essa agenda como prioritária, adotando políticas públicas efetivas para resolver esse problema social”, disse Paulão.
No lançamento da campanha, a CNBB destacou que não concorda com a adoção de medidas que gerem ainda mais violência. Segundo o cardeal Sérgio da Rocha, o enfrentamento da questão “não deve levar a soluções equivocadas, embora seja importante a ação de cada um de nós”. “Mas ações comunitárias”, observa. Ele ressalta ainda que valores como a fé e o amor devem motivar essas iniciativas demonstrando que “o semelhante não é um adversário, mas um irmão a ser amado”.
Essa mensagem segue a linha de pensamento do Papa Francisco, que enviou uma carta parabenizando a CNBB pela iniciativa. No texto, o Papa afirma que “o perdão é o instrumento colocado nas nossas frágeis mãos para alcançar a serenidade do coração, a paz”. O líder máximo católico diz ainda que “deixar de lado o ressentimento, a raiva, a violência e a vingança é condição necessária para se viver como irmãos e irmãs e superar a violência”.
Vítimas– No lançamento da campanha da fraternidade o Secretário da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, Carlos Alves Moura, reafirmou que a superação da violência passa pela promoção da solidariedade e da tolerância. Ele ressaltou a importância do respeito às diferenças de cunho político, religioso, social e antropológico.
“Ela [a campanha] vem num momento muito oportuno porque vivemos num ambiente de desrespeito à pessoa humana, de não reconhecimento da dignidade da pessoa. Isso faz com que nos atropelemos nos caminhos da vida”, considerou.
Ainda de acordo com Carlos Moura, a violência que afeta principalmente a população jovem, negra e pobre do País tem como causa principal a desigualdade racial.
“É uma violência que se assenta em muitas estruturas, que se assenta em muitas posições, mas, no fundo, ela está recheada de um preconceito, de discriminação”, apontou.
Héber Carvalho com informações do site Brasil de Fato
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