As denúncias de corrupção passiva envolvendo o presidente golpista Michel Temer serão o principal assunto da Câmara no retorno do recesso parlamentar na próxima semana. Na terça-feira (1º), os líderes de oposição se reúnem para definir a estratégia comum de atuação. A sessão para decidir se o processo contra Temer deve seguir adiante está marcada para as 9h de quarta-feira (2). “O governo Temer está acabado, não se sustenta, mas precisamos avaliar e definir uma ação comum para essa votação”, afirmou o líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP). Ele informou ainda que a bancada também se reúne na terça (1º), à tarde, para tratar do mesmo tema.
O líder explicou que a oposição trabalha com duas alternativas. A primeira é participar da sessão, registrando presença e provocando o desgaste da base do governo, que terá que defender o “golpista” Temer, denunciado pela Procuradoria-Geral da República por corrupção passiva. “O deputado terá que mostrar a sua cara, anunciar o seu voto no microfone e, arcar com desgaste perante a sua base”, afirmou.
Zarattini avalia que nesta alternativa, por causa da pressão popular, vários parlamentares da base de sustentação do governo poderão votar a favor do prosseguimento do processo contra Temer.
A outra estratégia, explicou o líder do PT, é estar na Casa, mas não registrar presença, dificultando o quórum necessário de 342 deputados para abrir a votação. “Desta forma, vamos postergar a apreciação do processo e ampliar o desgaste de um governo fracassado, que lamentavelmente tem uma política econômica que ampliou o desemprego e afundou o Brasil”.
Novas eleições – O líder Zarattini já antecipou que, no caso do afastamento do presidente Temer para a apuração das denúncias que pesam contra ele, a solução não é Rodrigo Maia (DEM), presidente da Câmara e eventual substituto do presidente da República. “Isso seria apenas uma troca de nome na Presidência, porque a política e os objetivos são os mesmos: dar prosseguimento ao desmonte do Estado e a aprovação das reformas que retiram direito dos trabalhadores. O que precisamos é de antecipação das eleições para que o povo soberanamente escolha quem deve governar o Brasil”, defendeu.
O deputado alertou ainda para a manutenção da mobilização no Parlamento e nas ruas contra a Reforma da Previdência. Esse é um dos principais projetos na pauta do Congresso para esse semestre. “Caso o governo golpista obtenha uma vitória, impedindo o prosseguimento do processo, eles poderão cometer a loucura de dar prosseguimento à apreciação da reforma que vai impedir o trabalhador de se aposentar. Por isso, mais do que nunca é preciso lutar aqui e nas ruas para evitar a aprovação da Reforma da Previdência”, afirmou.
Denúncia – Michel Temer foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República após ser gravado por Joesley Batista, um dos donos da JBS. Ele se encontrou com o presidente para fazer negociatas em pleno Palácio do Jaburu. O assessor próximo e da confiança de Temer, deputado Rocha Loures, foi gravado carregando uma mala com R$ 500 mil, que, segundo Joesley, seriam destinados ao presidente.
Temer ainda é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por organização criminosa e obstrução de Justiça. Para que STF possa decidir se instaura processo contra Temer, a denúncia precisa ser autorizada pela Câmara com ao menos 342 votos. A sessão para analisar a denúncia será aberta com a presença de 51 deputados, mas para que a votação seja efetivamente iniciada, será exigida a presença de pelo menos 342 deputados em plenário.
Vânia Rodrigues