Atualmente, o futebol europeu é destaque no mundo. Com políticas inovadoras de gestão do esporte, alguns países estão transformando o futebol e sua interação com a sociedade. Para contar experiências e referenciar as ações da Comissão Especial da Reformulação da Legislação do Esporte, a Câmara dos Deputados recebeu representantes da Alemanha e da Holanda nesta semana, além do editor do livro ‘Mundo Afora: Planejamento e Gestão do Futebol’, publicado pelo Ministério de Relações Exteriores.
As federações participaram de audiência pública a convite do deputado Vicente Cândido (PT-SP). “O Brasil precisa dar uma sacudida. Nos alegra poder aprender e referenciar nossas ações em experiências internacionais”, avalia o deputado.
Jennifer Schröeder, diretora de Responsabilidade Social da Federação Alemã de Futebol (a DFB – Deutscher Fußball-Bund), destaca que o recente sucesso do alemão no esporte deve-se ao intenso trabalho de identificação de necessidades e planejamento estratégico realizado no país. Ela explica que o país divide este processo em períodos trienais. “A cada três anos criamos um planejamento e trabalhamos em cima das metas estipuladas por ele; ao final deste período, analisamos o que deu e o que não deu certo para que possa ser ajustado para o próximo período”, explica Schröeder. “A partir da decisão das prioridades, todos os níveis devem implantar da melhor maneira possível”, esclarece a alemã.
A formação dos jovens atletas foi um dos principais temas tratados pelos expositores. A Alemanha passou a tratar o tema como solução para o baixo desempenho apresentado pela seleção no começo dos anos 2000. “Não sei se vocês se lembram, mas não estávamos bem nos campeonatos internacionais. Então decidimos que precisávamos de um sistema de talentos inovador”, revela a diretora da DFB. Ela contou que a Alemanha estabeleceu pequenas áreas de treinamento dos jovens atletas – que começam aos cinco anos no desporto educacional –, com professores, técnicos e olheiros que tem o objetivo de identificar talentos e reportar às categorias de base, para que o jovem participe de um seleto grupo de treinamento.
Niels Hanje, secretário de Assuntos Políticos, Imprensa e Cultura da Holanda, destacou que a Holanda também enxerga como fundamental o fomento à formação nos várias escalas do futebol. “Formação faz parte da nossa história, temos cursos para árbitros, técnicos, gerente de clube, jogadores e para voluntários”, observa o holandês. Mesmo com a formação, o secretário informou que o país não possui árbitros que atuam como profissionais. “A maioria dos árbitros possuem outra profissão, mas os que atuam nas séries A e B recebem cerca de 1.500€ por mês”, relata. A federação, no entanto, usa bastante o auxílio da tecnologia, como câmeras e sensores, para auxiliar na arbitragem.
Mundo Afora – Publicada pelo Ministério das Relações Exteriores, a coleção Mundo Afora estuda as experiências internacionais em temas fundamentais para a construção de uma sociedade. Editada pelo conselheiro Carlos Pachá, a 13ª edição estuda o ‘Planejamento e a Gestão no Futebol’ em 20 países. “Após a eliminação do Brasil na Copa do Mundo de 2014 avaliamos como crucial promover um estudo que abrangesse o futebol e sua organização nos outros países”, explica Pachá. Para o deputado Vicente Cândido, a derrota para a Alemanha deve ser encarada como “um alerta para que o futebol Brasileiro se reinvente”.
Assessoria Parlamentar
Foto: Gustavo Bezerra/PT na Câmara
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