A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados concederá na terça-feira (26/11) cinco diplomas Mulher-Cidadã Carlota Pereira de Queirós 2024 a mulheres que se destacaram pela luta em defesa dos direitos femininos, o exercício da cidadania e as questões de gênero. Entre as agraciadas, a feminista Nalu Faria, falecida em 6 de outubro de 2023.
Segundo a presidenta da Comissão, Ana Pimentel (PT-MG), “em momentos de recrudescimento da direita e do neoliberalismo, será uma linda homenagem para a mulher que nos inspirou, que fez da sua vida uma luta em defesa de todas”.
A deputada lembra que Nalu foi uma referência na política. “ Foi fundamental para nossa formação política, para a luta pelos direitos das mulheres, por um país justo e digno para todos e todas”.
Feminismo internacionalista
Nalu foi protagonista da luta feminista no Brasil e na América Latina, dirigente da Marcha Mundial das Mulheres, do PT e da Democracia Socialista, corrente interna do Partido dos Trabalhadores. Conforme lembra Ana Pimentel, a militante a ser homenageada postumamente “foi uma das maiores referências da esquerda brasileira e latino-americana, do feminismo internacionalista, do PT e da Marcha Mundial das Mulheres”.
Ela era psicóloga de formação e iniciou sua trajetória no movimento estudantil em Uberaba (MG). Fez parte do Centro Acadêmico e do DCE de sua universidade, além de contribuir para a construção do primeiro ato do 8 de Março da cidade. Nos anos de 1980, foi para São Paulo, onde lutou para que sua corrente no PT tivesse um viés feminista, e também para que o partido instituísse cota de gênero nas suas eleições internas e institucionais, e fortalecesse os espaços internos de auto-organização das mulheres petistas.
Em São Paulo, também conheceu a SOF (Sempreviva Organização Feminista), onde trabalhou desde 1986. Nos anos 2000, Nalu Faria foi uma importante articuladora da Marcha Mundial das Mulheres (movimento feminista internacional) no Brasil e nas Américas, inclusive quando o Brasil foi a sede do Secretariado Internacional da organização.
Movimentos populares
Além disso, Nalu Faria sempre atuou e foi referência na integração dos movimentos populares do Brasil, da América Latina e do mundo, contribuindo para que as lutas sociais tivessem grande envergadura e aglutinassem a classe trabalhadora.
No ano passado, por ocasião de seu falecimento, a deputada Ana Pimentel assinalou que a militante feminista mineira foi também importante formuladora, contribuindo com uma série de cartilhas, artigos, cursos, formações e direcionamento de mandatos da esquerda que hoje atuam firmemente em diversas casas legislativas do Brasil.
Nalu, nascida em 1958, atuou fortemente na promoção do feminismo popular e na economia feminista, contribuindo significativamente para a causa das mulheres trabalhadoras e para a visibilidade e integração das questões de gênero na política e nos movimentos sociais. Ela lutou pela criação da secretaria de mulheres do PT e da CUT, participando da fundação desses espaços de auto-organização e ferramentas fundamentais na luta das mulheres trabalhadoras.
Homenagem
A cerimônia de homenagem às cinco mulheres será realizada no dia 26 de novembro, às 10h, no Plenário Ulysses Guimarães. O evento será transmitido ao vivo pelo canal da Câmara no YouTube.
As agraciadas deste ano foram escolhidas no dia 30 de outubro, pelos membros da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher. As cinco vencedoras são:
* Cristiane Damasceno Leite
* Elizabeth Altina Teixeira
* Nalu de Faria da Silva (in memoriam)
* Rosely Maria da Silva Pires
* Roza Cabinda (in memoriam)
Quem foi Carlota Pereira Queirós
Médica, escritora, pedagoga e política, Carlota Pereira Queirós (1892-1982) foi a primeira mulher brasileira a votar e ser eleita deputada federal na história do Brasil.
Eleita pelo estado de São Paulo em 1934, Carlota Queirós participou dos trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte, entre 1934 e 1935, fazendo com que a voz feminina fosse ouvida no Congresso Nacional. O foco de seu mandato foi a defesa da mulher e das crianças, trabalhando por melhorias educacionais que contemplassem melhor tratamento para as mulheres e publicando uma série de trabalhos em defesa da mulher brasileira. Ocupou seu cargo até o golpe de 1937, quando Getúlio Vargas fechou o Congresso.
Redação PT na Câmara, com Agência Câmara e Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher