O sonho de liberdade e de respeito à soberania da América Latina estão vivos nos ideais propagados por Augusto Cesar Sandino, revolucionário nicaraguense que inspirou a Revolução Sandinista de 1979. Essa foi a constatação de todos os discursos proferidos durante sessão solene realizado no plenário da Câmara, nesta segunda-feira (5), que lembrou a passagem de 84 anos da morte do revolucionário nicaraguense. Segundo a deputada Erika Kokay (PT-DF), idealizadora da homenagem, a luta de Sandino deveria servir de inspiração aos brasileiros.
“Essa justa homenagem a Sandino embala nossos sonhos por liberdade e soberania para a América Latina e nos faz lembrar o que vivenciamos atualmente no Brasil, onde a democracia está sendo açoitada. Homenageá-lo é resgatar todos os seus ideais de luta contra toda forma de opressão, seja por falta de pão ou pela supressão de direitos”, explicou.
Em nome do governo da Nicarágua, presidido por Daniel Hortega, a embaixadora Leonora Martinez agradeceu a homenagem e reconheceu o legado deixado por Sandino para todos os nicaraguenses.
“Sandino foi o general de homens e mulheres livres, que lutou de 1927 a 1933 contra a presença norte-americana na Nicarágua. Sandino deixou um legado de luta contra a opressão estrangeira, encarnada hoje na Frente Sandinista de Libertação Nacional”, explicou.
O jornalista e diretor da TeleSur (Rede de Televisão sediada na Venezuela), Beto Almeida, destacou que foi a luta por soberania e contra opressão – liderada por Sandino – que viabilizou a revolução que levou ao poder a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), em 1979. Na ocasião, o ditador Anastácio Somoza Debayle – apoiado pelos Estados Unidos – foi tirado do poder. Debayle era filho de outro ditador nicaraguense, Anastácio Somoza García, mandante do assassinato de Sandino.
“Neste momento em que sombras do intervencionismo internacional pairam sobre o Brasil, devemos nos lembrar de Sandino, que lutou para expulsar as tropas norte-americanas que apoiavam um governo ditador na Nicarágua, a partir de uma guerra de guerrilha inicialmente composto por apenas 30 homens”, destacou.
Na sessão solene, o representante da Central de Movimentos Populares (CMP), Afonso Magalhães, lembrou que ainda hoje os ideais pregados pelo líder revolucionário inspiram a FSLN.
“Mesmo depois que os sandinistas saíram do poder após perderem as eleições (em 1990), em condições desfavoráveis, o movimento soube se reconstruir e voltar ao poder pelo voto (em 2006) para fazer avançar os sonhos de Sandino”, apontou.
Depois da vitória de 2006 com Daniel Ortega (38,1% dos votos), a FSLN ganhou todas as eleições presidenciais seguintes. Em 2011, Ortega foi reeleito com 62,5% e novamente reeleito em 2016, com 72,4% dos votos.
A sessão solene contou com a presença de representantes de várias embaixadas, entre elas Rússia, Cuba, Venezuela, El Salvador, República Dominicana, representação da Palestina, Angola, Haiti, Peru, Guatemala, Argélia, Bielorrússia, Sérvia, Costa do Marfim, Zimbabwe e Barbados.
Héber Carvalho
Foto: Gustavo Bezerra/PTnaCâmara