Nesta terça-feira (20), o plenário da Câmara dos Deputados fez 1 minuto de silêncio em memória das vítimas do ataque ao Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé (PR). Ontem um ex-aluno entrou armado na instituição e matou dois jovens: Karoline Verri Alves, de 17 anos, e Luan Augusto, de 16 anos. O deputado Tadeu Veneri (PT-PR), ao manifestar pesar pelo ocorrido, relembrou que Helena Kolody é uma poetiza do Paraná, que passou a vida toda escrevendo sobre a esperança. “E, infelizmente, um jovem de 21 anos entrou na escola dessa poetiza, com várias armas e assassinou dois jovens, sem que houvesse nenhuma relação entre eles. Ele não os conhecia. Era um ex-aluno que foi buscar um relatório e acabou cometendo essa tragédia”, lamentou.
Indignado, Veneri disse que há dias em que se pergunta qual é o nível de civilização que está sendo construída neste País. “Nós tivemos um governo, que se encerrou em dezembro, que incentivava o armamentismo, incentivava aquilo que dizia ser a defesa das pessoas, que fez várias vezes discurso de ódio e que contribuiu muito para a situação trágica que vivemos hoje em que as pessoas resolvem as suas diferenças através não do diálogo, mas, sim, da violência”, criticou.
O parlamentar também se indignou com a postura do governador do estado, Ratinho Jr (PSD), que “rapidamente tentou tirar vantagem dessa tragédia, dizendo que foi um professor treinado pelo estado que impediu que essa pessoa continuasse atirando. Não é verdade”, afirmou. Quem fez isso, segundo Tadeu Veneri, foi uma pessoa que não tinha nada a ver com a escola que estava ali no momento. “Infelizmente, o governador parece que quer surfar nas tragédias também. As pessoas olham menos a tragédia e mais aquilo que lhes pode dar alguma visibilidade”, protestou.
Deputado Tadeu Veneri. Foto: Myke Sena/Câmara dos Deputados
Nova tragédia
Tadeu Veneri disse ainda que, se não bastasse essa tragédia, que aconteceu em Cambé, nesta terça-feira pela manhã, em Araucária, cidade da região metropolitana de Curitiba, “um jovem advogado de 27 anos foi levar a sua cliente a uma clínica para fazer, junto com o pai, o reconhecimento de paternidade de um bebê. E esse suposto pai, aluno da Polícia Militar, assassinou a ex-companheira, o jovem advogado de 27 anos, atirou no bebê e cometeu suicídio”, relatou.
“Que país é este onde as pessoas, todos os dias, vivem uma epidemia de violência?”, indagou. Na avaliação do deputado, trata-se de uma epidemia de violência que, às vezes, é levada pelo oportunismo, pelo populismo. “Ainda dizem: ‘É preciso haver dois, três policiais em cada escola’. Deveríamos ter centenas, dezenas de milhares de policiais nas escolas”, afirmou.
O Paraná, informou Tadeu Veneri, não tem sequer policiais para atender às médias e pequenas cidades. “Não adianta fazer discurso demagógico. É preciso que nós refaçamos, inclusive nos currículos das escolas, os debates sobre cidadania, direitos humanos e relações que impeçam que tragédias como essa, no Colégio Estadual Professora Helena Kolody, continuem acontecendo”, observou.
Vânia Rodrigues