Parlamentares da Bancada do PT na Câmara manifestaram nesta quarta-feira (27) preocupação com o futuro das famílias em situação de miséria no País. Isso porque hoje o governo paga as últimas parcelas do auxílio emergencial a aniversariantes de dezembro que não recebem benefício do Bolsa-Família. Segundo os petistas, a situação é crítica e pode piorar ainda mais devido à dificuldade da população mais pobre garantir comida na mesa por conta do agravamento da crise econômica e da falta de emprego causada pela pandemia descontrolada de Covid-19 que assola o Brasil.
Na avaliação dos parlamentares, o governo – nas pessoas do presidente Jair Bolsonaro e de seu ministro da Economia, Paulo Guedes – age de forma irresponsável ao negar a prorrogação do benefício, em meio a divulgação de gastos exorbitantes da administração pública federal com alimentos supérfluos, como leite condensado, pizzas, refrigerantes e guloseimas.
Para o líder da Minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), é inadmissível que o governo questione a prorrogação do pagamento do auxílio emergencial para este ano, “fechando os olhos para o agravamento da miséria no País”. O parlamentar já protocolou projeto de lei na Câmara propondo a prorrogação do pagamento do auxílio por mais quatro meses, neste ano.
“É inaceitável que o governo diga que não tem condições de prorrogar o auxílio emergencial, porque foi o próprio ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandoski, que decretou que o estado de calamidade pública ocasionado pela pandemia deveria ser prorrogado por mais 4 meses. E é justamente por causa da pandemia descontrolada que assola o Brasil, que vem aprofundando o caos econômico, gerando cada vez mais desemprego e aumentando o número de famílias na miséria. Por isso sou favorável ao pagamento do auxílio emergencial neste ano, porque milhões de famílias não terão de onde tirar seu sustento”, Guimarães.
Pelo Twitter, o líder da Minoria no Congresso, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), defendeu a abertura de um processo de impeachment contra o atual presidente. Segundo ele, o agravamento da crise sanitária, social e econômica demonstra que o atual governo não tem competência para apontar uma saída para o País. Ele lembrou que na tarde desta quarta-feira (27) os partidos de Oposição (PT, PCdoB, PSOL, PDT, PSB e Rede), vão apresentar na Câmara dos Deputados mais um pedido de impeachment contra Bolsonaro.
“Ou Câmara abre processo de impeachment ou vamos ver o Brasil sucumbir. Estamos à beira de um colapso em diversas áreas. Povo sem dinheiro para colocar comida na mesa, sem plano de vacinação, sem perspectiva de encontrar emprego. Democratas precisam agir e colocar fim nesse desgoverno”, afirmou.
Prorrogação do auxílio emergencial
Outros parlamentares também defenderam a prorrogação do pagamento do auxílio emergencial neste ano. Eles criticaram o governo – especialmente o ministro da Economia, Paulo Guedes – por resistir a continuidade do benefício e condicionando a sua prorrogação a cortes de gastos que afetariam áreas sociais e servidores públicos que já se encontram com salários arrochados.
“Guedes diz que só prorroga o auxílio emergencial com congelamento de verbas para educação e segurança. Vou sugerir ao ministro do leite condensado cortar os gastos milionários e absurdos do seu patrão com supermercado”, disse o deputado Helder Salomão (PT-ES) ao se referir a divulgação dos gastos na compra de alimentos pelo governo Bolsonaro em 2020.
A lista causou espanto ao trazer informações sobre o gasto de R$ 1,8 bilhões em alimentos, principalmente no caso de supérfluos como R$ 15 milhões em leite condensado, R$ 32,7 em pizzas e refrigerantes, R$ 123 milhões em guloseimas (sorvetes, picolés, fruta em calda, doce em tablete, cristalizados, coberturas e etc) e R$ 2,2 milhões em chicletes. Somente o montante gasto com leite condensado daria para pagar o auxílio emergencial (de R$ 600) para 6.250 famílias durante 4 meses.
Sobre a fonte de receita para a prorrogação do pagamento do auxílio emergencial, o deputado Afonso Florence (PT-BA) defendeu que o governo Bolsonaro tribute a parcela mais rica da população. “(Paulo) Guedes disse que só haverá auxílio emergencial se a vacina falhar, quer esperar até quando? Bolsonaro não providenciou vacina, e acabou auxílio emergencial. Tem que garantir auxílio emergencial, fora do teto. Se precisa de dinheiro, tributa os ricos!”, defendeu.
Héber Carvalho