Brasil está prestes a viver um vexame na COP-26 por causa de Bolsonaro, alertam petistas

Queimadas no Pantanal - Foto Lula Marques

“O Brasil, infelizmente, está prestes a viver novamente uma situação vexaminosa mundial, como viveu na pré-Conferência da ONU, agora na COP, em decorrência da política nefasta do governo Bolsonaro”, alertou o líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Bohn Gass (RS), durante a Comissão Geral que discutiu e propôs ações e estratégias para o governo brasileiro apresentar na 26ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-26), realizada nesta terça-feira (26).

A COP-26 ocorrerá em Glasgow, na Escócia, de 1º a 12 de novembro de 2021, e tem entre seus objetivos discutir a implementação do Acordo de Paris, que é considerado um dos mais importantes compromissos multilaterais para a redução de emissão de gases de efeito estufa.

Para o líder do PT, a política do presidente Jair Bolsonaro é a grande responsável pelo aumento de emissão de gás do efeito estufa no Brasil. “Essa é a situação, e nós precisamos hoje denunciar: a política do Bolsonaro de passar a boiada é a grande responsável pela emissão de gases de efeito estufa”.

líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Bohn Gass (RS) Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados

“Dever de Casa”

“O Brasil não está levando a sério, de forma oficial, o debate da crise climática que nós estamos enfrentando”, afirmou o deputado Nilto Tatto (PT-SP), secretário nacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Partido dos Trabalhadores. O parlamentar completou dizendo que “o governo brasileiro vem fazendo tudo ao contrário daquilo que é recomendado pelos especialistas do País, que já foi o protagonista muito grande em fazer a sua parte”.

Para o deputado do PT paulista, o Brasil irá para a COP-26 sem ter feito o “dever de casa”. “Ao contrário, o governo espalha fake news, mente para o mundo, cria um espectro de que vai fazer uma política verde quando, na verdade, está destruindo toda essa integração do meio ambiente, que passa fundamentalmente por estes três fatores: sol, água e solo”, afirmou.

Deputado Nilto Tatto (SP) Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Desmatamento

Bohn Gass destacou que o Brasil vem tendo desmatamento, queimadas, ampliação dos agrotóxicos e destruição desacerbada dos institutos governamentais, como ICMBio, Funai e Ibama, que poderiam estar fazendo as políticas públicas para ajudar a resolver os problemas do clima. “Há, ao mesmo tempo, uma desregulamentação completa e uma desestruturação dos órgãos de fiscalização e há — o que é fundamental — cortes orçamentários brutos, grotescos, por parte do governo, exatamente nesses órgãos, nessas políticas e nos institutos de pesquisa, de ciência, da inteligência, para podermos ter um espectro de preservação, para que a emissão de gases de efeito estufa seja reduzido e não ampliada”.

Para o líder do PT, além de fazer a denúncia, é preciso cobrar políticas e redução de danos, trabalhar com uma política energética mais sustentável, ter um modelo de produção agrícola sustentável e, ao mesmo tempo, fazer com que os órgãos públicos que trabalham com essas políticas sejam valorizados, tenham recursos e não sejam destruídos.

Governos Petistas

Os deputados Nilto Tatto, Bohn Gass e Leo de Brito (PT-AC) recordaram os governos de Lula e Dilma que tiveram uma maior redução estatística em função de políticas públicas. “Os governos do PT cuidavam do meio ambiente, durante as gestões de Lula e Dilma o Brasil teve uma política sustentável, que trabalhava a integração sol, água e solo num convívio harmonioso e sustentável, para podermos reduzir a emissão de gases”, disse Bohn Gass.

“Eu lembro que, durante os governos do presidente Lula, no período de 2006 a 2012, nós tivemos a maior redução de emissão de gases de efeito estufa na história de todos os países. Com essa redução, o Brasil teve um reconhecimento internacional e influenciou outros países a também assumirem metas mais ousadas para reduzir a emissão de gases de efeito estufa”, recordou Nilto Tatto.

Deputado Leo de Brito (PT-AC). Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Nova Legislação

Para o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) é fundamental uma legislação nova, que possa regulamentar o mercado de carbono. “Nós precisamos avançar em pesquisa e novas tecnologias para promover no País uma imediata transição nos nossos modelos de produção, seja no campo, seja na cidade. Nós podemos construir uma nova indústria moderna, 4.0, limpa, digital, com muita inovação e com transição ambiental e ecológica, mas também nós precisamos de uma transição no campo”.

Ele também destacou que o Brasil pode alimentar o mundo, mas que precisará de um modelo novo, que respeite as nascentes, as veredas, os rios, as florestas e os biomas, caso contrário, continuará a sofrer com a falta de alimentação para as famílias, para o povo brasileiro e para o planeta Terra. “O Brasil voltou para o Mapa da Fome e precisa de uma nova política para equilibrar, fazendo zoneamento de onde plantamos para exportação e onde plantamos para alimentação do nosso povo”.

Deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) Foto: Najara Araujo

CPR Verde

O deputado Beto Faro (PT-PA) destacou a crescente degradação da imagem do Brasil no exterior. Ele acredita que o governo Bolsonaro tentará de tudo para reverter esse quadro na COP-26. “Já se pode prever que essa estratégia deverá transformar a conferência em palco de mais um vexame do atual governo no cenário internacional para a vergonha e constrangimento dos brasileiros”.

Beto Faro citou que uma iniciativa “bisonha” já anunciada, pretende transferir ao mercado a responsabilidade indelegável do Estado na condução e participação do País no esforço global pela garantia das condições de vida futura no Planeta. “O ministro do Meio Ambiente disse que o empreendedorismo será a base das ações para a sustentabilidade a serem apresentadas pelo governo na COP. E a cereja do bolo do tal empreendedorismo brasileiro será a chamada CPR Verde”, contou.

O CPR Verde é um título emitido por produtores rurais, sejam pessoas físicas ou jurídicas e suas cooperativas, e gera antecipação do crédito a ser honrado com a entrega futura de um produto agropecuário na forma física ou financeira.

“Na verdade, o governo não tem nenhum projeto a apresentar efetivamente na COP 26, vai chegar sem uma prestação de conta, porque todo mundo tem feito esforço para baixar a emissão de carbono, para poder baixar o desmatamento na Amazônia, não há um balanço, porque não foi feito nada”, denunciou.

Deputado Beto Faro (PT-PA) Foto Lula Marques

Juventude

O deputado Leo de Brito disse estar preocupado com a juventude. Segundo ele, uma pesquisa global realizada com 10 mil entrevistados em 10 países atesta que 60% dos jovens entre 16 e 25 anos estão muito ou extremamente preocupados com as mudanças climáticas, sendo que três quartos dizem que o futuro será assustador, e 56% dizem que a humanidade está condenada. “Isso quer dizer que os jovens estão desiludidos e não acreditam, e esta COP não pode ser uma conferência para inglês ver, tem que ser uma COP para valer”, defendeu.

Ele questionou ainda, o que o Brasil tem para mostrar na COP e respondeu que o que o País tem mostrado é exatamente o contrário. “Aumento e explosão do desmatamento, explosão das queimadas e um governo que apoia inclusive ações ilegais, como é o caso das explorações ilegais na Amazônia. Nós não podemos aceitar isso. Precisamos que o Brasil volte a protagonizar e precisamos de metas ousadas nesta COP 26. Por isso, nós acreditamos, sim, e precisamos trazer novas esperanças para a juventude, que precisa de um planeta saudável”.

Povos indígenas

Para o deputado José Ricardo (PT-AM) o projeto do governo federal é a exploração sem ouvir efetivamente a população e a população indígena. “O governo é contrário, inclusive, de ouvir os indígenas para qualquer outro projeto de exploração econômica ou não (…) quando se pensa na Amazônia — e vemos as enchentes históricas e a população desamparada —, estamos falando de produção de alimentos, que é necessária para enfrentar a fome. E há soluções para isso, mas que passam pelo conhecimento, pela tecnologia”.

O parlamentou afirmou que o Brasil precisa mostrar na conferência a importância da Amazônia para o mundo, para o clima, mas principalmente para a população, que hoje está sendo deixada de lado, que não é ouvida. “Sem a população, não dá para se falar de clima, sustentabilidade e desenvolvimento. Tem que se ouvir o povo brasileiro, a população amazônica, e este governo não está fazendo isso”, denunciou.

Foto: Najara Araújo/Câmara dos Deputados

Lorena Vale

 

 

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