Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Brasil e China aprofundaram nesta terça-feira as relações bilaterais. A presidente Dilma Rousseff recebeu, no Palácio do Planalto, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, e ambos assinaram um plano de ação conjunta entre os dois países, do qual fazem parte 35 acordos bilaterais nas áreas de planejamento, infraestrutura, comércio, energia, mineração, entre outras, no valor de mais de US$ 53 bilhões.
O deputado Vicente Cândido (PT-SP), presidente da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, afirmou que a visita do premiê chinês é o grande fato político e econômico deste semestre e prevê desdobramentos em curto prazo, com a criação de condições para a retomada do crescimento econômico do Brasil em bases sustentáveis. “Já em 2018, poderemos voltar a crescer de 3 a 4% ao ano”, previu.
A vinda do primeiro-ministro chinês insere-se no processo de aprofundamento das relações bilaterais iniciado já no primeiro mandato d0 ex-presidente Lula. “Agora é dar seguimento prático aos acordos firmados”, disse Vicente Cândido, ao lembrar que, em governos anteriores, como o de FHC/PSDB, a China não logrou êxito em aproximar-se do Brasil. “As relações históricas entre o PT e China abriram caminho para a aproximação”.
Tecnologias – A diferença no relacionamento com Pequim em relação a outras potências econômicas, explicou o parlamentar, é que se dá em via de mão dupla. “A China se compromete a abrir seu mercado para produtos brasileiros, a transferir tecnologia — inclusive em áreas sensíveis, como a militar, tendo em vista a respeitabilidade construída no relacionamento com o Brasil”, informou o parlamentar.
Como exemplo da confiança construída, a China aceita receber mercadorias para o pagamento de empréstimos a serem concedidos e acordos são firmados em moeda nacional, sem o dispêndio de divisas. Os chineses, conforme recordou Vicente Cândido, num momento de escassez de crédito e até por limitações legais de bancos estatais brasileiros, vêm se comprometendo a emprestar recursos tanto à Petrobras como a empresas investigadas na Operação Lava-Jato.
“É na hora do aperto que se vê o parceiro: a China vem com recursos baratos, talvez até mais do que o do BNDES, em projetos que envolvam empresas chinesas, contribuindo para que o Brasil invista anualmente por volta de 23% do PIB”, comentou Vicente Cândido .
“Os acordos são transparentes, trarão resultados para ambos os países, especialmente para o Brasil. A China não tem interesse em ser majoritárias nas empresas. É parceria volumosa , mas respeitosa da cultura e da relação entre as duas nações,e vai ajudar o Brasil a ter desenvolvimento estratégico e sustentável’’.
O plano de ação conjunta entre os dois países contará com o suporte do acordo de cooperação entre a Caixa Econômica Federal e o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC, na sigla em inglês). É por esse acordo que o ICBC vai disponibilizar recursos da ordem de US$ 50 bilhões, por meio de financiamentos e de fundos de investimentos.
OS ACORDOS – Somente com a Petrobras, os acordos que envolvem financiamento de projetos da estatal chegam a pelo menos US$ 7 bilhões. Para Vicente Cândido, é a prova da confiança da China na estatal. Em abril, a empresa já havia obtido financiamento de US$ 3,5 bilhões do Banco de Desenvolvimento da China.
Outra iniciativa prevista é a construção da Ferrovia Transoceânica, que ligará Brasil e Peru. Em seu discurso durante a assinatura dos atos, Dilma se mostrou animada com a megaferrovia. “Um novo caminho para a Ásia se abrirá pelo Brasil”, afirmou.
Entre as iniciativas, está a assinatura de um memorando para a compra de 40 aeronaves da Embraer e outro para a compra de 24 navios de minério de ferro. A operação da Embraer, acertada com a Tianjin Airlines, tem valor estimado em US$ 1,1 bilhão, com a venda inicial de 22 aeronaves.
Foram assinados também acordos para desenvolvimento de um satélite de sensoriamento remoto, cooperação esportiva nas modalidades de tênis e badminton, instalação de um complexo siderúrgico no Maranhão, entre outros.
Equipe PT na Câmara
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