O interesse pelo petróleo da Venezuela foi o que levou os Estados Unidos a apoiar o golpe que está em curso naquele País. A opinião é do líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), que questiona o que ganhará o Brasil com o presidente Bolsonaro ao jogar gasolina na crise da Venezuela, acompanhando o posicionamento dos EUA. “O que ganha o Brasil com esse incentivo à violência a um país que é nosso vizinho? Acho que isso pode ser para tirar o foco, desviar a atenção das pessoas para o fracasso do governo Bolsonaro”, afirmou.
Em conversa com o deputado Wadih Damous (PT-RJ) no programa Ponto a Ponto, do PT na Câmara, nesta quinta-feira (24), Pimenta considerou positivas as manifestações da China, Rússia, Turquia, Irã, Uruguai e Bolívia em solidariedade ao presidente eleito da Venezuela, Nicolás Maduro. “Elas demonstram que a Venezuela não está isolada internacionalmente como quer Donald Trump e Bolsonaro”, ressaltou.
Para Pimenta e Damous a conduta do Brasil e da Argentina, apoiando o golpista Juan Guaidó, líder da Assembleia Nacional da Venezuela, incentiva o conflito, e pode levar a uma guerra civil na Venezuela. “Está se criando uma situação artificial na Venezuela que pode resultar em algo mais grave, que pode virar guerra civil”, alertou Damous.
“O vice-presidente Hamilton Mourão em entrevista à imprensa hoje (24) pelo menos fala com bom senso. Ele disse que se prenderem o golpista Juan Guaidó, o que o Brasil vai fazer é protestar e pronto. Ao contrário de Bolsonaro que fala que pode usar a força”, frisou Pimenta.
Impeachment – Na avaliação do deputado Damous, as atitudes de Jair Bolsonaro e do seu ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, no caso da Venezuela, pela letra da lei já pode ser considerado crime de responsabilidade.
Paulo Pimenta explicou que a Lei do impeachment (Lei 10.079/50) no seu artigo 5º trata dos crimes de responsabilidade contra a existência política da União, considerando crimes cometer ato de hostilidade contra nação estrangeira, expor a República ao perigo da guerra, ou comprometendo-lhe a neutralidade.
“É uma irresponsabilidade desse ministro Araújo e do próprio Bolsonaro. Isso contraria toda a doutrina da posição histórica do Brasil como mediador de conflitos internacionais”, afirmou o líder do PT, destacando que o Brasil sempre foi capaz de ajudar na construção democrática. “Estão jogando gasolina para esconder a crise aqui dentro”, concluiu.
Vania Rodrigues