Bolsonaro ou ‘Moronaro’ são duas candidaturas de uma mesma visão de política de extrema direita, denuncia Fontana

Deputado Henrique Fontana. Foto: Gustavo Bezerra/Arquivo

A suposta divisão entre o bolsonarismo e a extrema direita do Brasil foi analisada em plenário, nesta terça-feira (14), pelo deputado Henrique Fontana (PT-RS). O parlamentar relembrou que Bolsonaro e Sergio Moro chegaram ao governo do País juntos. “Moro foi o titular de um processo fraudado que retirou o então candidato favorito, o presidente Lula, da disputa eleitoral. Depois, ele recebe, como prêmio desse péssimo serviço que prestou ao País, o Ministério da Justiça e governa junto com Bolsonaro”, destacou.

Na avaliação do deputado, é importante dizer isso, porque, agora, algumas análises tentam confundir a opinião pública, querendo mostrar que Moro seria diferente de Bolsonaro ou que Bolsonaro seria diferente de Moro. “Na verdade, são duas candidaturas de uma mesma visão de política econômica, de uma mesma visão de extrema direita e de uma mesma visão autoritária sobre a gestão pública do País. Moro, como Bolsonaro, seria a aventura da vez. Bolsonaro foi a aventura de três anos atrás. Moro seria uma nova aventura, um nome que a extrema direita tenta levar ao debate político do País”, denunciou.

Fontana citou que o grande advogado brasileiro Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, usa uma nomenclatura, “que me pareceu muito interessante pela ironia, em artigo publicado no Poder360, há poucos dias, no qual ele define o dilema da extrema direita brasileira entre a candidatura de ‘Bolsomoro’ e de ‘Moronaro’. No fundo, é a mesma coisa. Moro é a mesma política econômica”, frisou.

“E vejam que a dissidência que ele (Moro) abriu dentro do governo foi marcada por um detalhe de disputa de poder, em que Bolsonaro queria colocar um determinado controle na Polícia Federal, enquanto Moro queria colocar outro controle naquela instituição”, observou Fontana.

Sergio Moro, segundo o deputado gaúcho, governou muito bem ao lado de Bolsonaro por 2 anos. “Foi conivente com todas as barbaridades que Bolsonaro fez desde que assumiu o governo, inclusive as barbaridades da pandemia. E eu digo isso especialmente na economia, porque este governo da volta da fome, do desemprego, da explosão inflacionária, do arrocho salarial, da quebra de direitos, onde o trabalhador brasileiro vive cada vez mais o drama da precarização, este governo que acabou com o Bolsa Família, que trouxe a pobreza, a exclusão e o desemprego ao Brasil é o governo de ‘Bolsomoro’ ou de ‘Moronaro’. Os dois governaram juntos”, reforçou.

Terceira via

Portanto, afirmou Fontana, alternativa de mudança para quem defende democracia no Brasil não é compreender como terceira via esta candidatura de última hora de Moro. “A segunda via é Moro, a outra via do bolsonarismo, a outra via da extrema direita. Não adianta Bolsonaro querer inventar uma briga com Moro e vice-versa, porque o povo brasileiro não vai embarcar em uma nova aventura. O povo brasileiro quer um governo que mude os rumos do País e, do meu ponto de vista, a ampla maioria — é isso que dizem as pesquisas — está disposta a construir uma ampla coalizão em torno da candidatura de Lula”, afirmou.

Na avaliação do deputado, apoiado como está por esta maioria, Lula saberá abrir o diálogo e repactuar o nosso Brasil, “para que este País volte a respirar democracia, respeito à pluralidade e especialmente crescimento econômico, geração de empregos, melhores salários, controle da inflação e o respeito internacional de que o nosso Brasil precisa”.

Julian Assange

Também em discurso em plenário, Fontana falou do julgamento do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, que teve, por decisão da justiça britânica, determinada a sua extradição para os Estados Unidos. “Eu fico impressionado que muita gente faz discursos fortes em defesa da liberdade de expressão, em defesa do direito ao acesso a informações livres. E o que o WikiLeaks e Julian Assange fizeram, ao longo desses anos, foi exatamente mostrar uma série de documentos que o mundo precisava ter acesso, mostrando a forma como parte das autoridades dos Estados Unidos, não os Estados Unidos enquanto povo, mas parte do seu sistema, nós ficamos sabendo – por meio do WikiLeaks – que se fazia espionagem contra a Presidência da República do Brasil, contra ministros brasileiros”.

Por meio do WikiLeaks, recordou Fontana, descobriu-se a forma como os Estados Unidos instigou e incentivou guerras e conflitos para estabelecer o seu interesse geopolítico em determinadas regiões do planeta. “O fato é que eu subo a esta tribuna para defender que o Brasil e o maior número de lideranças possíveis – inclusive eu assino uma carta de apoio à liberdade de Julian Assange – os democratas, aqueles que defendem a liberdade de imprensa, a liberdade de expressão, têm que se levantar na defesa de Julian Assange, na defesa do WikiLeaks”.

 

Vânia Rodrigues

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