Deputado Leo de Brito. Foto: Gabriel Paiva
O fracasso da política econômica do governo Bolsonaro, com a inflação na casa dos dois dígitos, desemprego e a volta do País ao mapa da fome foi o tema do discurso de vários parlamentares da Bancada do PT nesta quarta-feira (27). O deputado Leo de Brito (PT-AC) acusou o bolsonarismo de fazer suas “cortinas de fumaça” e discutir temas que ninguém está interessado. “Eles não querem discutir exatamente a economia do nosso País, que é um fracasso comandado por Bolsonaro e pelo ministro Paulo Guedes (Economia)”, denunciou.
Leo de Brito enfatizou que o povo está sofrendo de Norte a Sul e de Leste a Oeste do País. “Sofrendo muito com a situação! Quem atesta isso é nada mais e nada menos do que o FMI, que ontem divulgou as previsões da economia global. O Brasil está muito mal. Para se ter uma ideia, do ponto de vista do crescimento econômico, entre 193 países, o Brasil está na posição 180. Uma previsão de 0,8% abaixo da América Latina e do Caribe, literalmente muito mal”, frisou.
Ele citou também que do ponto de vista da taxa de investimento entre 170 países, o Brasil está na posição 147, também abaixo da média da América Latina. “Isso obviamente porque o Brasil está com altas taxas de juro, com congelamento de salários e cortes de gastos públicos.
Do ponto de vista do desemprego, segundo Leo de Brito, o estudo mostra que entre 102 países, o Brasil está na posição 94. “Ou seja, é um dos recordistas em desemprego, porque temos uma taxa de desemprego de 3,7%. Quanto à inflação, nem se fala, o Brasil está em 124º, entre 192 países. Isso, porque ele tem uma projeção de inflação da ordem de 6,7%. Vimos hoje o índice recorde de inflação: 1,73 só nesse mês de abril, um recorde em 27 anos. O acumulado é de 12,09%. Dois dígitos. Essa situação está destruindo o nosso País”, lamentou.
A vida do povo está cada vez pior
Deputado Bohn Gass. Foto: Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados
O deputado Bohn Gass (PT-RS) afirmou que, com Bolsonaro e Paulo Guedes, a vida do povo brasileiro está cada vez pior. Ele citou estudo elaborado pela Consultoria Tendências, que mostra que mais da metade dos domicílios no Brasil está abaixo da linha da pobreza. “Os números são estarrecedores. Segundo esse estudo, 50,7% recebem renda mensal domiciliar de até R$ 2,9 mil, pertencentes à classe D e à classe E, confirmando que há um empobrecimento acelerado da população brasileira. E isso atinge quem? O estudo mostra isso também. Atinge principalmente as mulheres, os jovens, pessoas negras, aos pobres deste País”, lamentou.
Bohn Gass acusou o governo Bolsonaro de não investir, não fazer nenhum investimento público. “Pelo contrário, desestrutura as organizações da sociedade, digamos, do Estado brasileiro, para fazer investimentos. Corta recursos. Agora, recentemente, cortou inclusive o subsídio para quem planta, para quem produz comida no campo. É um absurdo!”, protestou.
Ele ainda destacou a estagnação da economia. “Aliás, os últimos dados agora da prévia do IPCA para abril é de 1,73%. Nós vamos ter uma alta muito forte da inflação. Então, cada vez teremos pessoas mais pobres, salário congelado e, ao mesmo tempo, o crescimento de uma inflação. Aumentaram a taxa Selic, e não conseguem controlar a inflação: alimentos cada vez mais caros, luz mais cara, gás mais caro, combustível mais caro, energia mais cara, e a população mais pobre”, lamentou, ao afirmar que está na hora de dar um basta a essa situação. “É o fim! Se nós não conseguimos o impeachment, vamos resolver isso nas eleições, mas o Bolsonaro não pode continuar”, desabafou.
Cortina de fumaça
Deputado Joseildo Ramos. Foto: Antonio Augusto/Câmara dos Deputados
O deputado Joseildo Ramos (PT-MG) também criticou o governo, “que cria cortina de fumaça, diariamente, ao invés de tratar do dia a dia dos brasileiros, de implementar medidas para acabar com a fome, com a desdolarização do preço dos combustíveis, que está produzindo uma inflação que corrói o salário daqueles que ganham um salário mínimo”, criticou. O deputado disse ainda que Bolsonaro e Paulo Guedes fazem a alegria dos banqueiros e banqueiro leva a penúria, a necessidade, a escassez para a casa dos brasileiros e das brasileiras, quando, a inflação aumenta os juros e, no patamar em que hoje se encontram, pagam o serviço da dívida mobiliária, da dívida interna, por ano, com R$ 600 bilhões.
Na avaliação do deputado Joseildo, o ministro Paulo Guedes será conhecido como o pior de todos os ministros da Economia de todo o período republicano. “Ele nada entregou de bom para os mais necessitados que precisariam, no pós-pandemia, de um Estado que garantisse a redinamização macroeconômica do nosso País”, criticou.
Governo desvia o foco
Deputado Nilto Tatto. Foto: Paulo Sergio/Câmara dos Deputados
Na mesma linha, o deputado Nilto Tatto (PT-SP) acusa o bolsonarismo de tentar criar fatos, ameaçando as próprias instituições do sistema da democracia, para tentar desviar o foco de uma inflação que chega a mais de 12%. “Tentam desviar o foco do recorde de desmatamento, que voltou ao Brasil; tentam desviar o foco do relatório da Comissão Pastoral da Terra, que mostrou 35 assassinatos em função da luta por terra; tentam desviar o foco dessa carestia. O nosso País produz muitas commodities para a exportação, e todo dinheiro, todo subsídio vai para este setor, mas não tem dinheiro para quem produz alimento saudável para a casa dos brasileiros”, criticou.
Nilto Tatto relembrou que o Brasil, que já tinha saído do mapa da fome. “E agora tem cerca de 20 milhões de pessoas que não sabemos se tiveram a oportunidade de comer alguma coisa hoje ou se amanhã vão ter alguma coisa para comer. Cerca de 20 milhões de pessoas estão passando fome, e esta Casa aqui aprovou um projeto de lei de apoio emergencial à agricultura familiar, que Bolsonaro vetou. Esta Casa derrubou o veto. É lei. E este governo genocida, que está matando o povo de fome, não implementa a lei”, protestou.
Para Tatto, é dessa forma que eles querem desviar o foco com outros assuntos, achando que o povo não está percebendo a crise econômica e social por que está passando o Brasil.
Vânia Rodrigues
