Parlamentares da Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara avaliaram, pelas redes sociais, que o presidente Jair Bolsonaro cometeu crime de prevaricação ao declarar que não pode tomar providências sobre tudo que lhe é informado. “Eu não posso simplesmente, ao chegar qualquer coisa pra mim, tomar providência”, confessou Bolsonaro se referindo a reunião relatada pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) à CPI da Covid. A declaração de Bolsonaro foi dada durante entrevista à uma rádio gaúcha na manhã deste sábado (10).
“Bolsonaro confessa que prevaricou! Presidente disse que não poderia tomar providência sobre o escândalo Covaxin! Ao assumir a culpa, não resta dúvidas de que Bolsonaro é cúmplice de todo esse esquema sujo e cruel envolvendo a compra de vacinas!”, escreveu o deputado José Guimarães (PT-CE).
Nada fez
Em depoimento à CPI da Covid, Luis Miranda – que compõe a base governista no Congresso Nacional – afirmou que durante o encontro que ele e o irmão Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, tiveram com Bolsonaro, foi relatado que houve pressão na pasta para liberar a importação da Covaxin, do laboratório indiano Bharat Biotech.
“O presidente da República confessou que recebeu Luis Miranda, ouviu denúncia de corrupção na compra de vacinas e nada fez. Era obrigação dele tomar alguma atitude. Como não o fez, cometeu crime de prevaricação e precisa deixar o cargo”, asseverou Reginaldo Lopes (PT-MG).
A deputada Erika Kokay (PT-DF) também se manifestou pela sua conta no Twitter: “Bolsonaro confessou hoje que recebeu os irmãos Miranda no Palácio da Alvorada para tratar de irregularidades na compra da Covaxin e que nada fez. Prevaricou, cometeu crime!”.
E agora, Lira?
Já o deputado Rogério Correia (PT-MG), além de criticar a atitude de Bolsonaro, cobrou providências do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL). “Prevaricador confesso = crime de responsabilidade = impeachment. Abre o processo Artur Lira!”, cobrou o parlamentar.
Áudios
A deputada Natália Bonavides (PT-RN) comentou o caso e chamou a atenção para a provável divulgação dos supostos áudios que, segundo notícias recentes, encontram-se em poder de uma emissora de TV.
“Confessou. Só com a possibilidade de divulgação de um áudio, Bolsonaro já confirmou o encontro com Miranda. Ou seja, ele sabia das falcatruas e não fez nada! Imagina quando o áudio for divulgado…”, alertou Natália.
Quem cala consente
Para o deputado Alexandre Padilha (PT-SP), a falta de ação do presidente da República diante das graves denúncias representa prova cabal de consentimento. “Bolsonaro confessou o caso de prevaricação no encontro com os irmãos Miranda. O presidente tinha ciência de um caso de corrupção em seu governo e nada fez para mudar a situação. Quem cala consente!”, afirmou.
Imbecil completo
O deputado Alencar Santana Braga (PT-SP) corrobora às opiniões de seus companheiros de bancada. Segundo ele, Bolsonaro confessou o crime de prevaricação “sem saber, porque é um imbecil completo”.
“Assumiu que deixou de tomar providências quando recebeu a denúncia gravíssima de Luis Miranda sobre o esquema de corrupção envolvendo Ricardo Barros e a Covaxin. Aliás, não foi “sem saber”. Ele é um imbecil completo por dar uma declaração como essa, exatamente nesse momento, mas a verdade é que ele falou isso porque é um criminoso contumaz e acha que ninguém sabe disso, por isso acredita que vai colar a desculpa esfarrapada”, criticou Alencar Santana.
Benildes Rodrigues