As maldades e trapalhadas do governo Bolsonaro, as relações da família do presidente com as milícias e as denúncias que atingem Flávio Bolsonaro, na avaliação do líder da Bancada do PT, deputado Paulo Pimenta (RS) levanta a dúvida se esse governo conseguirá chegar ao fim. Em conversa com o deputado Wadih Damous (PT-RJ) no programa Ponto a Ponto do PT na Câmara, os dois parlamentares questionaram se Bolsonaro conseguirá completar o mandato. “Caso consiga permanecer na cadeira, ficará como um ‘fantasma’ tutelado pelos militares”, conjecturaram.
Na avaliação dos deputados Damous e Pimenta, Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por transações bancárias atípicas, “não é um cara do Flávio [Bolsonaro]”. “Ele é do Jair Bolsonaro, eles são amigos de longa data, serviram juntos no Exército, a filha dele trabalhava no gabinete do Bolsonaro”, detalhou Wadih Damous.
“Essa conta que o Queiroz administra há muitos anos é uma conta da família Bolsonaro, é por isso que tem depósito para a esposa do presidente, Michelle Bolsonaro. Eu não sei se eles vão achar um jeito de escapar. Mas se seguirem na investigação, quebrar o sigilo do Queiroz, esse negócio vai chegar nele [Jair Bolsonaro]”, afirmou Paulo Pimenta.
“Se essas investigações forem a fundo, como tem que ser, Bolsonaro não escapa incólume não. E se ficar no governo vai ser um fantasma”, reforçou Damous.
Milícias – Damous ressaltou ainda que Queiroz tem íntima relação com as milícias. “Tanto que no gabinete do Flávio Bolsonaro, na Alerj, foram empregadas a mãe e esposa do chefe dessa principal milícia do Rio das Pedras, onde funcionava o escritório do crime, e isso é gravíssimo”, frisou. O parlamentar do PT-RJ lembrou que, conforme as investigações em curso, o chefe dessa milícia – que está foragido – é suspeito de ser o assassino da vereadora Marielle Franco. “Possivelmente o Brasil está sendo governado por uma milícia”, acrescentou Pimenta.
“Estamos vivendo tempos de barbárie. Mas a nossa esperança é a conta do motorista Queiroz”, afirmou Wadih Damous.
Davos – Para o líder do PT a postura de Jair Bolsonaro em Davos, na Suíça, nesta semana foi deprimente e vergonhosa. “Depois de um discurso vazio, ele se isolou e fugiu das autoridades e da coletiva de imprensa porque não sabia o que falar. Ficou acuado e passando vergonha”.
Wadih Damous destacou que Bolsonaro não tinha preparação para ser presidente e não tinha programa de governo. “Então aconteceu esse fiasco em Davos”. Ele ainda relembrou a participação do ex-presidente Lula em Davos. “Lula, ao contrário de Bolsonaro foi o centro das atenções, falou de improviso, conversou com o presidente Barack Obama (EUA), atendeu a imprensa nacional e internacional”. Eles citaram ainda que a ex-presidenta Dilma Rousseff foi respeitadíssima em Davos. “O Brasil, que até o governo Dilma, era respeitado internacionalmente, agora é motivo de piada, de chacota”.
Farsa – O superministro Sérgio Moro, que participou da comitiva em Davos e também fugiu da coletiva foi pauta da conversa entre Pimenta e Damous. “Até virar ministro Moro era exemplo da família brasileira, falava de tudo. Ele e Deltan Dallagnol. Agora eles fingem que não é com eles, que as investigações de Queiroz, na Operação Furna da Onça, braço da Lava Jato do RJ, não é com eles”, ironiza Damous.
“Não é possível que as pessoas que acreditavam em Moro e Dallagnol não percebam a farsa que eles sempre foram. Não percebam o papel que eles cumpriram?”, provocou Pimenta.
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Vânia Rodrigues