(*) Ana Pimentel
Nos últimos anos, assistimos com perplexidade e medo o crescimento alarmante do fenômeno das fake news como estratégia política, sobretudo no Brasil. Foi a partir do uso leviano e calculado de notícias falsas, com o objetivo de desinformar e manipular a opinião pública, que Jair Bolsonaro se tornou presidente do Brasil. E foi também por meio de mentiras e distorções que seu governo, entre muitos outros retrocessos, adotou uma postura negacionista durante a pandemia de Covid-19, desvalorizou a gravidade do vírus, criticou a imposição de medidas de isolamento, rejeitou o uso da máscara e desacreditou o SUS e a vacina. A pandemia foi uma tragédia muito maior em nosso país porque Jair e seus apoiadores mentiram de forma repetida e estratégica.
Na última semana, a tentativa foi de acusar Lula de omissão diante da lamentável tragédia causada pela passagem de um ciclone no Rio Grande do Sul. O maior desastre climático do estado deixou mais de 43 vítimas fatais e 46 pessoas desaparecidas até o momento, além das perdas materiais e do trauma coletivo, que afetaram mais de 150 mil pessoas. O notório deputado bolsonarista Gustavo Gayer divulgou um vídeo de uma médica veterinária dizendo que os donativos não estavam chegando às vítimas porque era preciso que o presidente Lula chegasse à região para entregá-los pessoalmente e “tirar fotos”.
O governo federal agiu rápido e diversas autoridades se manifestaram. A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) divulgou prontamente um alerta na rede social X (antigo Twitter), um canal estratégico para a difusão de fake news. Em nota, a pasta desmentiu “que doações teriam parado de ser distribuídas em Lajeado (RS) por orientação do Governo Federal. O Governo já destinou R$ 741 milhões para atender as cidades atingidas, e segue dando todo o apoio necessário para os municípios do Rio Grande do Sul”. Com firmeza e franqueza, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, informou que o caso já está sendo analisado pela Polícia Federal (PF). “Reitero que fake news é crime, não é ‘piada’ ou instrumento legítimo de luta política (…)”, escreveu o Dino.
Diante das manifestações do governo, a autora do vídeo que atacava o presidente prontamente gravou outro, dizendo que o anterior não deveria ter sido publicado, e foi vazado de um grupo privado. Na nova gravação, ela dizia ter se equivocado “na hora da raiva” diante da tragédia. Diante do medo da PF bater à porta, é mais fácil dizer que “se enganou” mesmo, certo?
Já Alexandre Garcia, que envergonha seu papel de jornalista e já defendeu fake news como “tratamento precoce” contra a Covid -19, é agora investigado pela Advocacia-Geral da União (AGU) por suas declarações falaciosas no programa “Oeste sem filtro”. Garcia, sabidamente antipetista, tentou responsabilizar o Partido dos Trabalhadores (PT) à tragédia, dizendo que o governo petista teria negligenciado obras previstas por medições ambientais, o que teria causado o desastre. Agora, o jornalista vai ter que prestar contas a Justiça.
Os bolsonaristas continuam seguindo sua cartilha sórdida e insistem nas fake news como caminho para atacar a democracia brasileira, o presidente Lula e seu governo, que em tão pouco tempo já resgatou tanto do país que foi destruído pela extrema direita. Mas o povo não gosta e não pode ser enganado, e não cai mais na manipulação descarada de quem tenta impedir o crescimento do país. Além disso, o governo federal, como estamos vendo, tem sido exemplar no combate à circulação destas notícias falsas. A verdade transparece, a democracia é soberana e, no que depender de nós, a ditadura da mentira acabou.
(*) Ana Pimentel é Deputada Federal (PT-MG)