O deputado Bohn Gass (PT-RS) afirmou em pronunciamento no plenário que o “espetáculo golpista midiático” que a sociedade brasileira assistiu neste domingo e que aprovou o impedimento da presidente Dilma Rousseff fere a Constituição. “Um golpe sangra a democracia, um golpe mancha a história, mas um golpe não impede a luta da sociedade. O espetáculo golpista foi articulado e patrocinado pelo grande capital deste País e fere, sim, a Constituição. Porque não há crime de responsabilidade da presidenta Dilma e a atitude do afastamento de uma pessoa honesta é golpe”, ressaltou.
Na opinião de Bohn Gass, a discriminação entre ricos e pobres existe há 500 anos e, nos últimos anos, nos governos Lula e Dilma, as diferenças diminuíram e a elite brasileira não quer essa emancipação.
“Os pobres passaram a poder ir para as universidades, construir suas casas, viver melhor. Mas a elite brasileira não quer essa melhoria. Sabe o que a elite brasileira quer? Quer se impor à classe trabalhadora, que não vai aceitar que um golpe, principalmente comandado por um processo em que o coordenador é um réu da corrupção da operação Lava-Jato, Eduardo Cunha (presidente da Câmara), o qual, agora, se juntou ao PSDB que, há quatro eleições, não consegue vencer pelo voto popular. Mal perdedor que é, junta-se a esse golpismo interno aqui e com a conspiração do Michel Temer”, explicou.
Bohn Gass alertou para o risco de retrocesso caso Temer assuma a presidência da República. “Sim, está escrito em todos os jornais que quem vai pagar o pato é o povo trabalhador, porque se for passar o que está escrito na ponte para o futuro, que nada mais é do que uma ponte para o passado, não vai haver mais reajuste do salário mínimo acima da inflação, povo brasileiro! Vai-se desvincular receita da saúde e da educação. Não vai haver mais reajuste automático indexado com reajuste de salário mínimo para a Previdência, para os programas sociais”, enfatizou.
O deputado defendeu a continuidade da mobilização dos movimentos sociais a favor da democracia e contra o golpe.“Este processo vai continuar em análise, com mobilização popular e, no Senado, espero que se derrote esse golpe, que esse fato não se consume. Eu tenho muito esperança no povo que se manifestou, centrais sindicais, intelectuais, artistas, a comunidade, de forma espontânea, que disseram: Isto é um golpe!
Gizele Benitz
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