O líder do PT na Câmara, Elvino Bohn Gass (RS), qualificou hoje o capitão-presidente Jair Bolsonaro de “vendilhão da pátria” e repudiou a privatização da Eletrobras, prevista na Medida Provisória (MP 1031/2021) – a chamada MP do Apagão -, que deverá ser votada nesta quarta-feira (19). Ele disse que se trata de um crime de lesa-pátria e é uma verdadeira ameaça à segurança energética e aos interesses do País, além de trazer sérios prejuízos aos bolsos do povo brasileiro, com o aumento da tarifa de energia elétrica como consequência direta de eventual privatização.
Ele lembrou que a Eletrobras é empresa já amortizada e rentável – só no ano passado teve lucro de R$ 6,4 bilhões – e emprega cerca de 12 mil brasileiros. “É a maior empresa de energia da América Latina: 30% de energia administrada e consumida no Brasil vem da Eletrobras; 45% das redes de transmissão são da Eletrobras; a energia mais barata para a população brasileira é da Eletrobras”, informou Bohn Gass.
Vendilhões da pátria
O líder denunciou o atropelamento do processo legislativo pela base bolsonarista para se garantir a entrega da empresa brasileira, provavelmente a grupos estrangeiros, que poderão controlar uma área estratégica, algo inédito em todo o planeta. Para apreciar a MP, não houve nem comissão instalada e o relatório vai direto ao plenário, num rolo compressor bolsonarista no estilo “passar a boiada”, como tem sido a prática do governo militar neoliberal liderado por Bolsonaro.
Bohn observou que o ex-presidente Lula denunciou hoje a privataria patrocinada por Bolsonaro e se manifestou claramente contrário à venda da empresa estratégica brasileira. “Lula é um estadista, sabe da importância estratégica da Eletrobras para o Brasil; do outro lado, um Bolsonaro, um vendilhão, entregando esse patrimônio tão importante para o País”, assinalou o líder do PT.
No plenário da Câmara, Bohn Gass citou a fala de Lula, que denunciou Bolsonaro por patrocinar “mais um crime contra o povo brasileiro e o futuro do nosso país”, ofertando a Eletrobras a “preço de banana, colocando em risco a soberania e a segurança energética do Brasil.”
Risco de apagão
Conforme Lula, se o crime não for evitado, “a privatização da Eletrobras vai também elevar consideravelmente as tarifas de energia, levando a conta de luz a fazer companhia aos preços abusivos do gás de cozinha, da carne e dos demais alimentos, que não param de subir”.
Bohn Gass lembrou também que há riscos de apagões, como o que aconteceu em novembro no Amapá, por uma série de falhas cometidas pela empresa privada espanhola responsável pelo abastecimento de energia daquele estado. Afetou o abastecimento de energia elétrica e água encanada, além dos serviços bancários, internet e telefonia, levando o caos à população. O socorro acabou sendo prestado pela Eletrobras, que Bolsonaro agora quer privatizar, lembrou Bohn Gass.
O líder do PT fez questão de frisar, com base na fala de Lula, que a Eletrobras é a maior empresa de energia da América Latina. São 48 usinas hidrelétricas, 62 eólicas, 12 termelétricas, duas termonucleares e uma solar. Além de mais de 70 mil quilômetros de linhas de transmissão, suficientes para dar uma volta e meia ao redor da Terra.
Luz para Todos
“A empresa foi também responsável pela operação do programa Luz para Todos, criado no nosso governo — diz o presidente Lula — que levou energia elétrica a quase 17 milhões de brasileiros que viviam na escuridão, em pleno século 21”, observou o líder do PT.
Concordando com Lula, o parlamentar disse que a privatização da empresa significa “entregar de bandeja inestimável patrimônio duramente construído pelo povo brasileiro” e “permitir que interesses privados passem a controlar as barragens e as vazões das águas, bem como o acesso a importantes fontes hídricas do nosso País”.
Segurança energética
“Em defesa da soberania e da segurança energética do Brasil, e para evitar que o governo Bolsonaro leve ainda mais nosso país à escuridão, é preciso dizer não à privatização da Eletrobrás”, bradou Bohn Gass.
Ultraliberais colonizados
O líder do PT disse que os bolsonaristas e ultraliberais que defendem o crime de lesa-pátria são “seguidores do atraso” e querem transformar o Brasil em colônia, como de fato o governo militar capitaneado por Bolsonaro tem feito, colocando o país na periferia do mundo e como fornecedor de matérias primas. Citou como exemplo a exportação de madeira clandestina, a entrega dos minérios do País e agora a privatização da Eletrobras, depois de ter fatiado criminosamente a Petrobras, para a venda de ativos da estatal a grupos estrangeiros.
Ele observou que Bolsonaro, além de ser responsável pela morte de quase 500 mil brasileiros pela Covid-19, por práticas negacionistas, irresponsáveis e antivacina, é também culpado por uma política antinacional de entrega do patrimônio público a estrangeiros. “E o custo vai ficar para a população brasileira. Não há nada de moderno. É um atraso e o prejuízo será pago pela população brasileira”, advertiu o parlamentar petista.
O líder anunciou que o PT e todos os outros partidos de oposição acionarão todos os instrumentos legais para impedir a venda da Eletrobras pelo governo Bolsonaro.
Milícia parlamentar bolsonarista
Em seu discurso, Bohn Gass se solidarizou com o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) pelas agressões físicas e verbais do deputado bolsonarista Diego Garcia (Podemos-PR), durante reunião de comissão que regulamenta o uso de medicamentos à base de cannabis. Bohn Gass cobrou do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), providências contra a escalada da violência nos espaços da Câmara, em razão da ação de parlamentares bolsonaristas.
“Esta Casa não pode ser contaminada pela onda odiosa com que muitos bolsonaristas ou milicianos têm trabalhado pelo Brasil afora — essa onda não pode se transferir aqui pra dentro! Esta Casa é do debate, do bom debate e da democracia. Se a pessoa não tem argumento para debater, como hoje de manhã, com argumentos qualificados, como o deputado Paulo Teixeira, que não faça agressão”, comentou Bohn Gass.
Ele se solidarizou também com a deputada Maria do Rosário (PT-RS), ameaçada e xingada pelo deputado bolsonarista Éder Mauro (PSD-PA), durante reunião da Comissão de Constituição Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputado realizada no dia 12 último.
Redação PT na Câmara