O deputado Bohn Gass (PT-RS) usou a tribuna da Câmara nesta quarta-feira (26) para criticar o Plano Safra do governo Bolsonaro, lançado na última semana, e que aumenta juros e diminui recursos para os custeios e investimento na agricultura. “Mais do que diminuir o recurso para o setor, não há verbas nas modalidades de juros com subsídio e o governo ainda aumentou o juro”, protestou.
Bohn Gass enfatizou que num país em que se produz comida, num Brasil continental, onde, a partir da agricultura se aquece o setor de serviços, o setor da indústria, do transporte, onde há divisas – vendemos, exportamos e produzimos -, através da agricultura familiar, o anúncio do Plano Safra sempre era comemorado, era uma festa. “Porque aqui se definia o valor para o custeio, para investimento, o juro, o seguro, a compra pública, a política de crédito, a política de armazenamento. Pois, este ano, o governo Bolsonaro, que teve um apoio tão grande do setor ruralista do País, presenteou os agricultores com o aumento do juro”, ironizou.
Na avaliação do deputado do PT-RS, “está tudo errado”. Ele enumera os fatores negativos que a agricultura brasileira já enfrenta com os aumentos de custos dos seus insumos; da adubação; da semente; do diesel, entre outros. “Estes custos estão aumentando e a economia está estagnada, que é alta responsabilidade do governo Bolsonaro! Não há incentivo para a produção, para o consumo! O salário está congelado, o desemprego é crescente!”, desabafou.
Nesse quadro negativo da economia, Bohn Gass questiona: “O que acontece com o agricultor? O preço do produto baixa, porque há menos gente comprando. O preço está baixo, os custos estão elevados, e o governo está aumentando o juro para quem quer comprar máquinas, para quem quer colocar semente na terra, quem quer produzir alimento neste País. É por isso que eu repito está tudo errado. A agricultura é importante para o aquecimento da economia e esse governo é contrário a políticas que façam de fato com que o setor possa ser forte, que faça com que o agricultor possa pegar um recurso, ir ao banco e poder investir”, lamentou.
Máquinas e equipamentos
O deputado citou ainda matéria publicada hoje (26) pelo jornal Valor Econômico, na qual João Carlos Marchesan, da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), afirma que faltarão recursos para máquinas e equipamentos agrícolas. “Ele está se referindo exatamente à situação da falta de recursos que já aconteceu no Plano Safra 2018/2019, o qual vai terminar em 30 de junho agora, e sobre o novo Plano Safra 2019/2020.
“Então, virei a esta tribuna tantas vezes quantas forem necessárias, porque se hoje o País está gerando desemprego é porque as indústrias de máquinas não estão podendo produzir. Se não há colonos que comprem as máquinas, a indústria não produz e vai para o mundo do desemprego. E desempregado não compra; ao não comprar, o preço do produto do agricultor baixa! Este é o raciocínio que nós precisamos fazer de uma forma coerente com programas que deem sustentação para estimularmos quem está produzindo alimento”, alertou.
Bohn Gass reconhece que o alerta da Abimaq é pelo interesse na venda de máquinas e equipamentos. “Eu quero que eles possam vender, mas eu quero que a base produtiva, o agricultor possa comprar para diminuir a penosidade do trabalho, ter tecnologia e poder produzir de forma sustentável. Por isso, peço que esta Casa não se submeta a aceitar passivamente essa atitude do governo Bolsonaro, tão contrária à nossa agricultura, que aumenta juros e diminui recursos para os custeios e investimento”, conclui.
Vânia Rodrigues