A triste realidade das balas perdidas no Rio de Janeiro foi tema do discurso da deputada Benedita da Silva (PT-RJ) na tribuna virtual da Câmara na tarde desta quarta-feira (9). Na avaliação da parlamentar, as balas não são perdidas nas favelas. “Nós estamos há 1 mês da maior chacina do Rio de Janeiro. E, diante disso, nós ainda estamos assistindo a intervenção da polícia onde já dissemos que é ruim para os dois lados, porque morre policial, mas também morre o morador, morre a nossa juventude, morre gente inocente, nessa disputa que nós temos encontrado”, lamentou.
Benedita disse que foi exatamente isso que aconteceu nesta terça-feira (8) com a jovem Kathlen Romeu, de 24 anos. Ela estava no quarto mês de gestação. “Essa nossa população pobre e preta das nossas comunidades vive a rotina do medo da violência. Nós vimos o que aconteceu com a Kathlen. Saiu da comunidade do Lins por conta da violência e foi morar com sua avó em outro lugar, mas não escapou de um tiro na cabeça, em um tiroteio entre a polícia e os marginais”, relatou.
Tiro ao alvo
“E, desconsolada, eu quero aqui dizer a frase do pai da Kathlen, que põe o dedo na ferida: ‘O tiro ao alvo que tem na nossa área não tem na zona sul’. É que nas comunidades faveladas a polícia não age com inteligência, porque não se precisa usar, não se preocupa com as vidas inocentes que lá estão. É o chamado efeito colateral. E esse efeito colateral faz com que eles (policiais) tenham total liberdade”, protestou Benedita.
A deputada disse que um Brasil democrático e civilizado exige o fim dessa violência, exige o fim dessa barbárie, que não para. “E nós precisamos defender o respeito dos direitos da cidadania para toda a população e não apenas para uma minoria privilegiada.
Bendita encerrou afirmando que é grande a tristeza de constatar que Kathlen é mais uma mulher vítima “das balas que são achadas nos corpos negros e negras do nosso povo pobre da favela”.
Vânia Rodrigues