A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) denunciou na tribuna virtual da Câmara mais um absurdo praticado pelo presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo. O gestor apresentou um relatório em que anuncia a exclusão de mais de 8 mil livros da biblioteca da fundação. “Ele está num delírio ideológico, porque ele alega que esses milhares de livros são subversivos, que esses milhares de livros são inadequados e trazem viés marxista. Agora, imaginem! Quero chamar a atenção para o perigo que estamos correndo. Chamo a atenção desta Casa! Perseguir livros, agora, em pleno século XI, remete aos períodos mais duros e sombrios da humanidade”, alertou.
Benedita da Silva enfatizou que Sérgio Camargo, à frente da fundação, tem perseguido constantemente a maioria e a memória do povo negro. Ela citou que meses atrás ele anunciou a exclusão de nomes personalidades negras brasileiras do site da instituição.
Na semana passada, ele foi convidado a comparecer à audiência pública na Comissão de Cultura da Câmara para discutir exatamente a questão do patrimônio da fundação e sobre a sua localização. “Ele não foi, não compareceu, não deu satisfação e usou as redes sociais para desfilar o seu ódio no trabalho da comissão, ofendendo cada um de nós”, lamentou Benedita.
A deputada disse que, como o presidente da Fundação Palmares ignorou a audiência, o colegiado teve que convidar o ministro do Turismo, Gilson Machado, para que venha à comissão para dar as informações e as explicações sobre “esse trabalho desastroso” da Fundação Cultural Palmares.
Benedita da Silva informou ainda que ela e a deputada Erika Kokay (PT-DF) já apresentamos dois requerimentos na Comissão de Cultura. O primeiro deles propõe a elaboração de uma moção de repúdio à atitude de Sérgio Camargo e o desrespeito à comissão e aos seus integrantes.
No outro, as parlamentares do PT solicitam a realização de uma diligência na Fundação Cultural Palmares, a fim de averiguar a preservação e a conservação do acervo desta instituição.
“Finalizo este meu discurso dirigindo-me a Sérgio Camargo: não mexa com a memória e com a história do povo negro deste País. Se o senhor não entende, não respeita o valor de uma luta, entenderá de agora em diante, através da Justiça, das ações deste Parlamento, da resistência do povo negro e da força da nossa história”, afirmou Benedita.
A deputada ainda citou trecho da canção Carta de amor, da Maria Bethânia, que diz: “não mexe comigo, que eu não ando só”, e completou: “Você passará, Sérgio Camargo, tenha certeza disso, só encontrará espaço no lixo da história!”.
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Vânia Rodrigues