A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) afirmou que a Operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro, realizada nesta quinta-feira (6) na comunidade do Jacarezinho – zona norte da capital fluminense – se transformou em um verdadeiro massacre e colocou a vida da população em risco por falta de uma política de inteligência que combata o crime e, ao mesmo tempo, proteja o cidadão comum. Durante pronunciamento no tempo da Liderança do PT, na Sessão da Câmara, a parlamentar disse que os moradores da comunidade de 170 mil habitantes tiveram nesta quinta um dia de pânico.
Segundo dados divulgados pela Polícia Civil, até o início da tarde computavam-se 25 pessoas mortas: 24 moradores e 1 policial civil. Durante o intenso tiroteio, dois passageiros que estavam dentro do Metrô ficaram feridos. Segundo o MetrôRio, um foi baleado de raspão e o outro foi atingido por estilhaços de vidro. A Polícia Civil afirmou que a Operação Exceptis visava combater grupos armados de traficantes de drogas que estariam aliciando crianças para o crime.
“Se tem que fazer alguma operação, tem que ser feita com Inteligência. Já governei o Estado do Rio de Janeiro, por pouco tempo, sim, mas também tive condição de prender também, mas não foi dessa maneira, matando pessoas na comunidade. Pessoas que estavam esperando o Metrô foram baleadas. Então essas pessoas também eram suspeitas? E quando eles dizem que têm suspeitos, precisamos perguntar o que esses suspeitos faziam quando foram baleados. Só isso que a gente quer saber”, disse a parlamentar.
De acordo com Benedita da Silva, causou muita estranheza o alto número de mortos na Operação considerados “suspeitos”. Segundo ela, denúncias vindas de moradores que transmitiram informações ao vivo pela internet apontavam que várias pessoas que tentavam se entregar foram ignoradas pela Polícia Civil.
“Não somos favoráveis à bandidagem como se diz, que os partidos de esquerda, que a Oposição gosta (de bandido). Nós gostamos das coisas certas. Bandido se prende e condena. Não mata. Não temos essa lei que qualquer policial, ou o Estado, possa chegar em um local com 170 mil pessoas e sair atirando. Alguém me explica, disseram que os que morreram até agora são suspeitos. Desde quando uma pessoa suspeita tem que morrer?”, indagou.
Preconceito
A parlamentar ressaltou ainda que existe um preconceito em parte da sociedade, e reproduzido por setores da polícia, de que jovens que vivem em comunidades são naturalmente suspeitos de praticar crimes. Benedita da Silva disse ainda que os relatos sobre o massacre e denúncias de pessoas sendo impedidas de se entregar à polícia precisam ser rigorosamente apurados.
“O governador do Estado do Rio de Janeiro (Cláudio Castro) tem que ser responsabilizado, porque não se pode matar quem quer se entregar. Queremos no Rio de Janeiro uma polícia inteligente, que não se coloque em risco e que também não coloque a vida da população em risco. Queremos uma polícia que possa entender o contexto social, que possa ser uma polícia pacificadora, que defenda o cidadão independentemente de sua cor ou de onde ele mora”, concluiu.
Héber Carvalho