O líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Afonso Florence (PT-BA) anunciou, em coletiva à imprensa nesta segunda-feira (18) que o colegiado vai criar um grupo de trabalho para atuar junto aos parlamentares do Senado no sentido de preservar a democracia, e derrotar o golpe, uma vez que cabe agora àquela Casa dar sequência à decisão da Câmara. Ao mesmo tempo, disse que o resultado da votação de domingo, na Câmara, faz parte de uma “chantagem nacional” do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para salvá-lo da cassação no Conselho de Ética.
“A nossa posição é de que esse processo foi admitido por Eduardo Cunha numa chantagem nacional tentando se blindar. Ele tem mácula de origem. Não há crime de responsabilidade”, denunciou Florence. “Aquela maioria de ontem (domingo) é formada pelo grupo de Eduardo Cunha dando golpe ao Brasil, prestando contas do que se comprometeu, em troca dele ser isento de investigação”, reiterou o líder petista, lembrando que todo esse processo começou quando o PT se recusou a aceitar a chantagem imposta pelo presidente da Câmara a seu favor.
“Foi o Eduardo Cunha quem disse, em caso de o PT não dar proteção a ele – no Conselho de Ética para não ser investigado – que ele iria um dia, mas Dilma iria antes”, revelou Afonso Florence. O deputado lembrou também que o PSDB e o DEM fizeram jogo de cena ao anunciarem que iriam obstruir os trabalhos em plenário se Cunha continuasse a conduzir a Mesa. No entanto, lembrou, a rebeldia desses setores oposicionistas e golpistas não durou muito. “Na hora em que ele (o presidente da Câmara) acatou o pedido de impeachment, esses partidos continuaram sendo base do Eduardo Cunha”.
Afonso Florence reafirmou a determinação da Bancada em relação à posição do partido no Conselho de Ética. Disse ainda que o PT acolhe o sentimento da maioria do povo brasileiro que pede “fora Cunha”, em virtude de denúncias de corrupção, lavagem de dinheiro, propina, contas em paraísos fiscais que recaem sobre o presidente da Câmara.
“O PT quando teve que se pronunciar com relação à admissibilidade do processo de investigação de Cunha, no Conselho de Ética, posicionou-se com o Brasil, que conhece a história do partido e sabe que ele apoiaria a investigação de Cunha”, disse.
Antecipação das eleições – Questionado sobre boatos que surgiram na imprensa sobre uma possível antecipação das eleições presidenciais, Florence foi taxativo em dizer que o partido não aventa essa possibilidade. “Eu só tenho ouvido essa hipótese na imprensa. Participei de reuniões com o ministro Ricardo Berzoini e conversei com a presidenta Dilma. Essa hipótese não existe”, afirmou o líder do PT.
Grupo de Trabalho – Sobre a deliberação da Bancada em constituir um grupo de trabalho para acompanhar o processo de impeachment que será analisado pelo Senado, o deputado Afonso Florence adiantou que o grupo vai trabalhar em conjunto com os senadores que conhecem a realidade daquela Casa. Ele disse ainda que em breve será anunciada a composição desse colegiado e que cabe a ele, a prerrogativa de fazer as indicações.
Benildes Rodrigues
Foto: Salu Parente/PT na Câmara
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