FOTO: SALU PARENTE/PT NA CÂMARA
O líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (SP), repudiou hoje (9), em plenário, o discurso do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) no qual fez apologia do estupro e ameaçou a deputada Maria do Rosário (PT-RS). ‘’Hoje este senhor cometeu mais um ato torpe ao declarar que ‘não estuprava a deputada Maria do Rosário porque ela não merece’ ”, disse Vicentinho. Para ele, essa conduta deixa transparecer que a Bolsonaro é “admissível a ideia de assumir o papel de estuprador’’, condicionada a agressão ao “merecimento” da vítima’’. Na opinião do líder, a conduta de Bolsonaro evidencia a “a covardia que é tão típica dos estupradores’’.
Ele anunciou que a Bancada do PT vai ingressar com representação no Conselho de Ética da Câmara, por quebra de decoro parlamentar, e também vai tomar todas as medidas judiciais cabíveis contra Bolsonaro, que é ex-militar e declaradamente defensor de ditaduras. “No âmbito do Parlamento e do Judiciário, todas as iniciativas serão tomadas por nós, parlamentares da Bancada do PT, já que as declarações – ameaças – de Bolsonaro demonstram total desrespeito à condição de representante do povo deste País ’’.
Barbárie – Segundo Vicentinho, ‘’Bolsonaro é representante, no Parlamento, de um outro estágio civilizatório: um que a sociedade brasileira felizmente superou, mas que não está enterrado porque tem nesse senhor sua cria, a destilar a grosseria, o ódio, o desrespeito e a violência próprios dos tempos de barbárie’’.
O líder do PT lembrou que nesta quarta-feira, dia 10, comemora-se oDia Internacional dos Direitos Humanos, “um valor estranho a esse senhor: tudo o que está em sua mente e em sua boca é maldade e depravação, marcas indeléveis do regime de usurpadores e torturadores que ele tanto defende’’. Vicentinho frisou que a Constituição brasileira prevê punição para práticas discriminatórias que atentem contra os direitos e liberdade fundamentais.
“O artigo 1º da Carta Magna fundamenta-se, entre outros valores, na cidadania e na dignidade da pessoa humana e no pluralismo político’’, disse. “A barbárie cometida hoje no plenário da Câmara ofende a cidadania brasileira e as consciências das pessoas que lutam por uma sociedade civilizada, tolerante e democrática”.
Regime militar – O discurso em que o deputadoex-militar ofendeu a deputada Maria do Rosário, ex-ministra dos Direitos Humanos, ocorreu depois que ela ressaltou na tribuna a importância da Comissão Nacional da Verdade – que investiga crimes políticos cometidos sobretudo durante o regime militar que vigorou entre 1964 e 1985. Há alguns anos, como lembrou Vicentinho, Bolsonaro ameaçou bater na deputada Maria do Rosário.
As graves ofensas de Bolsonaro no discurso desta terça-feira contra a deputada Maria do Rosário provocaram fortes reações de desagravo e indignação na bancada feminina na Câmara. A deputada Iriny Lopes (PT-ES), vice-líder da Bancada, reiterou que a postura de Bolsonaro será denunciada além das instâncias da Câmara dos Deputados.
“Vamos denunciar e pedir providências à polícia, ao Ministério Público e ao Judiciário para penalizar o deputado Bolsonaro porque ele extrapolou a prerrogativa parlamentar de opinião para agredir, intimidar uma deputada. E isso o Regimento Interno não o protege. Vamos levar também para a Conselho de Ética da Casa, mas não é suficiente. Já fizemos isso em outros episódios de agressão protagonizados por Jair Bolsonaro contra as mulheres parlamentares e não houve nenhuma punição ao deputado pelo comportamento criminoso. Queremos levá-lo aos tribunais”, enfatizou a deputada Iriny Lopes.
Equipe PT na Câmara