O líder do PT na Câmara, deputado Reginaldo Lopes (MG), em conjunto com toda a Bancada do Partido, apresentou requerimento para a realização de uma Comissão Geral no plenário da Casa para ouvir as explicações do Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre a taxa recorde de inflação de 10,06% em 2021 (segundo o Índice de Preços ao Consumidor – IPCA). Na justificativa do convite, os petistas destacam que são necessários esclarecimentos sobre o descumprimento da meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3,75%, além da revelação de iniciativas do órgão para tentar conter a inflação em 2022.
Os parlamentares do PT lembram que, pelo sistema vigente, a meta da inflação de 3,75% seria considerada cumprida se ficasse 1,5% acima ou abaixo, ou seja, entre 2,25% e 5,25%. No entanto, eles destacam no requerimento que o índice verificado em 2021 demonstra um “descontrole brutal da inflação no País’ e “uma das mais altas (taxas) nos períodos históricos recentes”.
“Significa uma alta de quase 3 vezes nos preços médios de bens e serviços no país, muito acima do índice estabelecido pelas próprias autoridades do governo federal”, destaca a Bancada do PT na Câmara.
Ainda de acordo com os parlamentares, o descontrole inflacionário tem prejudicado principalmente a população mais pobre do País, com aumentos na tarifa de energia elétrica e alta no preço de alimentos.
Eles observaram ainda que o grupo que mais influenciou no resultado da inflação em 2021, o do setor dos transportes – com variação de 21,03% – teve como causa principal os sucessivos aumentos dos combustíveis. “Resultado da manutenção lesiva da política de preços da Petrobras, que inclui a paridade do preço internacional do petróleo e os custos internacionais nos cálculos de reajustes de seus produtos”, apontam os petistas.
Controle da inflação, mas sem recessão
De acordo com os parlamentares do PT, outro erro cometido é tentar controlar a inflação com o simples aumento da taxa Selic – taxa básica de juros cobrados pelos agentes financeiros – que passou em 2021 de 2% para 9,25% anuais.
Segundo eles, com a sinalização já dada pelo Banco Central de novos aumentos na taxa de juros para encarecer o custo do crédito e “esfriar” a economia para tentar controlar o IPCA, o resultado será um efeito direto negativo sobre a economia brasileira, “que já tem apresentado um desempenho pífio no governo Bolsonaro, quando observamos os resultados do nosso Produto Interno Bruto (PIB)”.
“Sob tais circunstâncias, torna-se essencial conhecer e avaliar profundamente quais foram as reais causas para o descumprimento da meta estabelecida para a inflação oficial no país, quais as providências estão sendo consideradas pelo Banco Central para assegurar o retorno da inflação aos limites estabelecidos; e o prazo no qual se espera que as providências produzam efeito”, destacam os autores do requerimento.
Héber Carvalho