Parlamentares da Bancada do PT na Câmara se revezaram na tribunal virtual da Câmara, nesta segunda-feira (7), para cobrar do governo Bolsonaro um plano de vacinação nacional que garanta a imunização gratuita de todos os brasileiros. Ao defender o acesso à vacinação, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) enfatizou que o País está à deriva, que o sentimento da população é de abandono. “Os fundamentalistas da extrema direita que governam o Brasil odeiam a população. Odeiam tanto que não trabalham para que o Brasil tenha a vacina. A vacina não tem ideologia. A vacina não é da China ou da Inglaterra ou dos Estados Unidos, ela é da ciência. E o que nós queremos no Brasil é um plano emergencial, que garanta a vacina para todos os brasileiros e brasileiras como direito”, defendeu.
Maria do Rosário criticou ainda a redução do auxílio emergencial para R$ 300 e lembrou que o País já ultrapassou a marca de 9 milhões de pessoas em condições de extrema pobreza, de acordo com aferição internacional e nacional, com critérios internacionais. “São pessoas que não comem. Não comem porque não há salário, porque não há emprego, porque este governo faliu o Brasil, protestou. E mais grave, continuou a deputada, não há preparação para defender a população no que diz respeito à saúde pública.
“O governo é genocida, e não há preparação para que as pessoas tenham direito à alimentação, à salário e à dignidade (…) Então, eu utilizo esta palavra com o poder legítimo da decisão judicial contra um condenado por danos morais, que eu espero ver condenado pelo povo brasileiro pelo genocídio que comete contra a população”, afirmou Maria do Rosário, que concluiu pedindo o impeachment do presidente Bolsonaro.
Campanha de vacinação
O deputado Merlong Solano (PT-PI) enfatizou que o mundo vê com preocupação a segunda onda da Covid-19 se expandir em diversos países, mas, ao mesmo tempo, vê a esperança. Citou que muitos países já estão anunciando as datas de início de suas campanhas de vacinação contra o coronavírus. Em alguns países, inclusive ela já começou, como na Rússia, e o Reino Unido já anunciou o começo da sua vacinação ainda para esta semana.
“Enquanto isso, nós aqui no Brasil, que também vemos o crescimento dos casos de contaminação e do número de mortes, que já passaram de 176 mil, não percebemos uma mudança de atitude do presidente Bolsonaro e do seu governo em relação à gravidade da Covid-19”. Ele lembrou que desde o início, o governo Bolsonaro adotou uma postura negacionista chamando o coronavírus de gripezinha, trabalhando contra o uso da máscara, contra o isolamento social, contra o distanciamento nos eventos, nos muitos eventos dos quais o próprio presidente participou.
“E agora esta ação irresponsável continua, por exemplo, quando o governo praticamente se debruçou sobre uma única alternativa: a vacina da AstraZeneca e politizando outras opções, como o caso da CoronaVac, que até agora a Anvisa não explicou as razões que levaram-na a suspender os testes clínicos que vêm sendo testados pelo Instituto Butantan no estado de São Paulo”, criticou.
Diante de uma situação, o deputado defendeu que o Congresso Nacional não fique omisso. “Até hoje o Congresso foi protagonista em relação à Covid-19 adotando uma série de posturas importantes que ajudaram o Brasil a enfrentar com menos sofrimento esta grave crise econômica, social e humanitária. Agora é hora de seguirmos neste trabalho. Precisamos chamar aqui a Anvisa para explicar os seus procedimentos em relação à CoronaVac e em relação a qualquer outra vacina que venha a ser registrada para o pedido de autorização da sua aplicação no Brasil”, destacou.
Ele defendeu ainda a convocação do ministro da Saúde para que explique o plano nacional de vacinação contra a Covid-19. “O Brasil precisa realizar a maior campanha de vacinação da sua história reunindo os governos federal, estadual e municipal, as empresas e as igrejas. Toda a sociedade precisa ser chamada, sob a coordenação do governo federal, para fazer a sua luta na campanha de vacinação contra a Covid-19”, argumentou.
O deputado Airton Faleiro (PT-PA) também destacou o que ele considera um posicionamento equivocado do governo Bolsonaro no combate ao novo coronavírus. “Um governo que desde o início desdenhou dessa realidade e incentivou as práticas sociais para não ajudar no combate, não jogou peso para ajudar os municípios e os estados a cuidarem da Covid-19 —, é natural que o Brasil esteja entre os países com os piores índices tanto de contaminação quanto de morte”, observou.
País sem vacina
O deputado Bohn Gass (PT-RS) ao defender a vacinação geral para todos os brasileiros destacou que, infelizmente, o Brasil que hoje se apresenta para 2021, é um Brasil sem emprego, com mais da metade da população economicamente ativa sem trabalho, um Brasil sem comida, uma vez que os alimentos básicos estão cada vez mais caros, e será um Brasil sem vacina. “Essa combinação de incompetência e preconceito ideológico pode custar ainda muito mais vidas, além das 180 mil que já foram perdidas para a pandemia”, lamentou.
Bohn também enfatizou que vários países já começaram a vacinar suas populações. “O governo no Brasil se perde em debates se a vacina é da China ou do Dória. Qual é o plano de imunização no Brasil? Quantas vacinas teremos? Quando elas chegarão ao País? O que se tem até agora? Nem a quantidade necessária de seringa este governo consegue garantir. Aliás, isso vindo do governo, soa como um anúncio de morte, de que não teremos vacina para todo o povo brasileiro no ano de 2021”, denunciou.
O deputado do PT gaúcho disse que a Câmara não pode fingir que não vê esses sinais, “porque eles estão aí, e o que está em jogo é a vida do povo brasileiro”, alertou.
O deputado Paulão (PT-AL) também defendeu um calendário de vacinação e a imunização de todos os brasileiros. “Esse governo incompetente e negacionista, infelizmente não define estratégia. Não tem uma articulação com os estados e municípios, a exemplo de outros países, no sentido de discutir o processo de vacinação em massa para o Brasil. Então, é necessário um grande movimento não só dos Poderes constituídos, mas também da população brasileira no sentido de trabalhar e cobrar deste presidente insano, deste anjo da morte, um plano de vacinação para a Nação”, cobrou.