Bandeiras, faixas e cartazes em defesa da educação brasileira e da soberania nacional tomaram conta das principais ruas das cidades brasileiras, nesta quinta-feira (3). Milhares de pessoas atenderam o clamor da União Nacional dos Estudantes (UNE), da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) que convocaram a Greve Nacional da Educação, em resposta ao desmonte do setor, promovido pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL).
Os protestos que contam com a participação de movimentos sociais e sindicais como a Federação Única dos Petroleiros (FUP) marcam também os 66 anos da maior e mais importante empresa brasileira, a Petrobras que se encontra na mira privatizante do presidente da República.
As entidades que atuam no setor educacional apresentaram como grave investida do governo contra a educação, os cortes e contingenciamentos orçamentários que inviabilizam o ensino, pesquisa e extensão. Entre as bandeiras estão a reversão do corte de 11.800 bolsas de pesquisa da Capes e do CNPq e do contingenciamento de R$ 6,9 bi no orçamento das instituições federais de ensino (IFEs).
Pela manhã, os manifestantes realizaram uma caminhada entre a refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) e a Fábrica de Fertilizantes do Paraná (Fafen-PR), que ficam em Araucária, na região metropolitana de Curitiba, ambas na mira para serem privatizadas.
Em discurso na tribuna da Câmara Federal, o deputado João Daniel (PT-SE), afirmou que a Petrobras é uma empresa que garantiu e poderá garantir um grande programa de Educação, como houve no Congresso a aprovação dos royalties da exploração para a Educação e Saúde, e poderá ter uma grande contribuição para o desenvolvimento nacional se não for tão fortemente atacada. Em seu discurso, o parlamentar saudou todos do movimento sindical em nome dos Sindicato dos Petroleiros de Sergipe e alagoas (Sindipetro), que nesta quinta-feira realizaram ato em Aracaju na defesa da empresa, assim como fizeram trabalhadores em Curitiba e outros estados brasileiros. Ele acrescentou que os petroleiros sabem que o presidente deste País que deu à empresa todas as condições, quando foi descoberto o pré-sal e que a transformou numa das maiores potências do mundo da área de petróleo foi Lula.
Estudantes nas ruas
Os petroleiros também apoiaram a manifestação dos estudantes em Fortaleza. Eles se reuniram na reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC) e caminharam pelas ruas da capital. Também foram registrados atos em Salvador, Manaus Teresina e Campo Grande. O programa Future-se, que prevê a participação do capital privado nas universidades, igualmente foi alvo dos protestos.
Durante a tarde, estudantes e petroleiros realizam manifestações em São Paulo, Rio de Janeiro, e em outras capitais. Um dos atos principais ocorreu em Curitiba, onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é mantido como preso político da Lava Jato desde abril de 2018. Segundo os petroleiros, Lula foi o principal responsável pelos investimentos que fortaleceram a estatal nos últimos anos e possibilitaram a descoberta do pré-sal.
“Não estamos falando só de desemprego nas estatais e, sim, em toda a cadeia produtiva, além de riscos de acidentes e piora na prestação dos serviços, pois as empresas privadas só visam ao lucro e a alta nos preços. Hoje, o brasileiro já paga caro pelos combustíveis, nossa gasolina é a segunda mais cara do mundo porque a política de preços é gerenciada pelo mercado internacional”, afirmou o coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel.
O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Montalvão, destacou a importância dos royalties do pré-sal para a Educação e as ameaças a esses investimentos representada pelas sucessivas tentativas de esvaziamento do modelo de partilha, que garante participação mínima de 30% da Petrobras nos consórcios de exploração do pré-sal, e a aplicação dos recursos num fundo social para serem investidos em educação (75%) e saúde (25%).
“Atualmente a mudança no regime de exploração dos royalties ainda é uma preocupação porque impacta diretamente no que foi aprovado pelo Plano Nacional de Educação (PNE) para o financiamento de 10% do PIB para a educação. Se for realmente retirada a preferência da Petrobras na operação dos campos do pré-sal, automaticamente estamos colocando em risco o controle do governo brasileiro sobre a exploração, o que pode gerar sonegação de dados públicos e redução dos recursos para o Fundo”, afirma Montalvão. Os estudantes cobram ainda a liberação de R$ 3,8 bilhões do orçamento da educação para o ano de 2018 e a manutenção das bolsas de pesquisa, entre outras reivindicações.
Sede da Petrobras
No Rio de Janeiro, a mobilização dos petroleiros acontece em frente às sedes da Petrobras e Eletrobras, no central da capital. De lá, eles se encontram com os estudantes na Avenida Presidente Vargas, também no centro.
No ato do Rio de Janeiro, as deputadas Gleisi Hoffmann (PT-PR), Benedita da Silva (PT-RJ) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ), e o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) participaram da caminhada em defesa da Petrobras no Rio de Janeiro
Sobre a estatal, a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann disse que a Petrobras é a petroleira com maior perspectiva de crescimento no mundo, graças às reservas do pré-sal. Em maio, bateu recorde de produção diária, quase 3,5 milhões de barris de petróleo e gás. “Bolsonaro está indo contra o povo brasileiro ao decidir vender a empresa aos pedaços”, criticou Gleisi.
O deputado Carlos Zarattini também falou que hoje foi um dia de luta do movimento estudantil e também pela soberania nacional. “Vamos defender a Petrobras, como estamos também defendendo a Eletrobras e todo o patrimônio nacional”, destacou o líder da Minoria no Congresso Nacional.
Benedita, por sua vez, afirmou que está lutando pela Petrobras que hoje completa 66 anos, e se manifestou contra a privatização das estatais brasileiras. “Estamos firmes e fortes para defender a Petrobras”, disse, durante a caminhada.
Em Curitiba, os manifestantes se concentram na Praça Santos Andrade, na região central, a partir das 17h, de onde sairão em passeata. Em São Paulo, os manifestantes se concentram a partir das 17h na Avenida Paulista, em frente ao Masp, na Avenida Paulista, com caminhada prevista até a Praça da República.
Benildes Rodrigues com informações da Rede Brasil Atual