Ataques a áreas protegidas da Amazônia passam de 10 mil em um ano

Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

As áreas protegidas da Amazônia, como terras indígenas, territórios quilombolas e unidades de conservação, viram as ameaças e pressões de desmatamento aumentarem em um ano. Entre agosto de 2020 e julho de 2021, foram mais de 10 mil ocorrências de devastação da floresta dentro ou a até 10 km desses territórios, 13% a mais do que no período anterior, entre agosto de 2019 e julho de 2020.

Os dados são do levantamento “Ameaça e Pressão de Desmatamento em Áreas Protegidas”, publicado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). O estudo identifica e contabiliza todas as ocorrências detectadas pelo Sistema de Alerta de Desmatamento do Imazon (SAD) em áreas de 100 km² na Amazônia Legal e as classifica como ameaça, se estiverem a até 10 km das áreas protegidas, ou pressão, se estiverem dentro desses territórios.

Entre agosto de 2020 e julho de 2021, 7.005 ocorrências (66%) foram classificadas como ameaça e 3.565 (34%) como pressão. Isso indica que, em geral, houve mais casos de desmatamento ao redor das áreas protegidas do que dentro delas, o que serve de alerta para a necessidade de ações que impeçam ainda mais o avanço da destruição.

Em um momento em que a Amazônia vive o pior ritmo de desmatamento dos últimos 10 anos, esse olhar específico para as áreas protegidas é um importante subsídio para que políticas públicas sejam direcionadas para esses territórios. Conforme Antônio Fonseca, pesquisador do Imazon, o aumento de 13% nas ocorrências de desmatamento mostra que os órgãos públicos precisam intensificar as ações de fiscalização, identificação e punição dos responsáveis pela destruição da floresta nas áreas protegidas, pois esses territórios deveriam estar sendo priorizados.

“Além dos danos ambientais, como o aumento das emissões de carbono, o que contribui para o aquecimento global, e a perda da biodiversidade, o desmatamento nas áreas protegidas ameaça a vida de povos e comunidades tradicionais, entre eles indígenas, quilombolas, extrativistas e ribeirinhos”, afirma.

Território mais pressionado

Entre as terras indígenas, a Yanomami, localizada no Amazonas e em Roraima, foi a que teve o maior número de ocorrências dentro de seu território, ou seja, a mais pressionada entre agosto de 2020 e julho de 2021. Neste ano, a área foi alvo de ataques de garimpeiros, o que motivou ações judiciais de proteção.

Dos outros nove territórios indígenas mais pressionados pelo desmatamento, sete ficam no Pará. São, respectivamente, as TIs: Apyterewa, Munduruku, Cachoeira Seca do Iriri, Trincheira/Bacajá, Andirá-Marau (cujo território também fica no Amazonas), Kayapó e Alto Rio Guamá.

Já entre as áreas indígenas mais ameaçadas, a TI Uru-Eu-Wau-Wau, em Rondônia, ocupou o topo do ranking. E, assim como nos casos de pressão, o Pará foi o estado com maior número de terras indígenas ameaçadas, com seis das 10 TIs com maior número de ocorrências. Respectivamente, são: Trincheira/Bacajá, Parakanã, Baú, Cachoeira Seca do Iriri, Kayapó e Arara.

“Os alertas de desmatamento indicam que o avanço da ocupação ilegal de territórios indígenas está associado à prática criminosa de garimpos que, em alguns casos, também gera conflitos entre os invasores e os povos indígenas”, comenta Fonseca.

APA do Tapajós, alvo na Amazônia

De todas as áreas protegidas da Amazônia Legal, a APA do Tapajós, unidade de conservação federal localizada no Pará, foi a mais pressionada. Em segundo lugar ficou APA Triunfo do Xingu, unidade de conservação estadual paraense, e a Resex Chico Mendes, unidade de conservação federal localizada no Acre.

A Resex, inclusive, também ocupou o topo do ranking de todas as áreas protegidas mais ameaçadas da Amazônia. Ela foi seguida do Parna Mapinguari, unidade de conservação federal que fica no Amazonas e em Rondônia, e da APA do Lago de Tucuruí, unidade de conservação estadual paraense.

Em relação aos estados, o Pará também figurou como o que mais teve territórios pressionados e ameaçados pelo desmatamento na Amazônia. No ranking de pressão, sete das 10 áreas listadas ficam em solo paraense. Já na lista de ameaça, são cinco.

site da CUT

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