O deputado Jorge Solla (PT-BA) acusou hoje (5) o ministro da Economia, Paulo Guedes, de promover uma política econômica que favoreceu a si mesmo, com a valorização desenfreada do dólar norte-americano em relação ao real, enquanto o poder de compra do salário mínimo e de outras faixas salariais tem sido reduzido substancialmente, com a dolarização da economia e a inflação que voltou por incompetência do governo Bolsonaro.
O deputado disse que Paulo Guedes “coloca o Brasil no inferno, enquanto a sua grana rende no paraíso, nas Ilhas Virgens Britânicas, no Caribe. Enquanto ele já dobrou em real a fortuna em dólares que botou lá, a população brasileira que vive de salário mínimo perde o poder de compra”. No governo Bolsonaro, o dólar valorizo quase 40%, fazendo com que a fortuna de Guedes depositada no paraíso fiscal crescesse pelo menos 14 milhões de reais.
Solla observou que quando o dólar sobe e provoca inflação, “aumenta a miséria do povo brasileiro e Guedes comemora”. E ironizou: “E agora sabemos por que a comemoração dele com o aumento do dólar. Agora todos nós e o Brasil inteiro sabemos por que Guedes comemora o aumento do dólar e quanto ele lucra cada vez que o dólar aumenta neste País. Só do dia em que ele assumiu o cargo até hoje, já aumentou em mais de 15 milhões de reais a sua fortuna depositada nos paraísos fiscais. É uma canalhice que não tem mais limite”.
Escândalo dos paraísos fiscais
O ministro tem depositados nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal no Caribe, US$ 9,55 milhões, por meio de uma offshore. As denúncias sobre sua conta e de outros figurões foi feita pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), do qual fazem parte, no Brasil, a revista Piauí, os portais Metrópoles e Poder 360 e a Agência Pública. Hoje, a Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados aprovou a convocação do ministro para que explique suas movimentações financeiras no exterior através de offshore.
“Estamos vivendo o descontrole da inflação. O valor dos produtos é negociado em dólar”, reclamou Solla , lembrando que a política econômica atual é contrária aos interesses da maioria do povo brasileiro, já que a dolarização impacta diretamente nos preços de itens como alimentos.
O parlamentar assinalou que em julho, durante evento para debater a reforma do Imposto de Renda, Guedes defendeu que se retirasse do projeto a regra que tributária recurso de brasileiro em paraísos fiscais. Ou seja, disse o deputado, “tirou o (dinheiro) dele do pagamento de imposto”. Segundo o Banco Central, mais de 60 mil pessoas físicas residentes no Brasil mantêm no exterior nada menos que 1 trilhão de reais, entre eles Paulo Guedes e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Colapso do SUS
Solla alertou que poderá haver também “colapso do SUS”, uma vez que os custos da saúde, como medicamentos e equipamentos, são dolarizados. “A tabela de serviços do SUS, que já estava duramente defasada, agora está impraticável. O colapso se anuncia na gestão do sistema de saúde”, disse. Segundo ele, os serviços existentes estão funcionando a duras penas, mantidos principalmente com recursos de estados e municípios, que têm tentado a toda forma garantir a manutenção do atendimento à população.
O deputado defendeu o impeachment de Bolsonaro como forma de suplantar os problemas do país, que vão da corrupção à inflação e a má gestão do combate à pandemia de Covid-19, que tirou a vida de mais de 600 mil brasileiros por conta, na análise do deputado, da omissão do governo do ex-capitão na compra de vacinas. “A medida em saúde pública mais importante neste momento, para enfrentar a pandemia de forma adequada, é afastar esse presidente insano”, afirmou Jorge Solla.
Ele assinalou que foi uma vitória da ciência a diminuição do número de contaminados e mortos por Covid-19 no País, com a vacinação em massa, que já alcançou 44% por cento da população com duas doses, 70% com uma dose. Ele frisou, contudo, que o número de mortos poderia ter sido muito menor se não fosse o negacionismo de Bolsonaro, que no ano passado ignorou a necessidade de compras de vacinas contra o novo coronavírus.
Mortes por Covid
“Se o Governo tivesse comprado as vacinas que foram oferecidas diretamente pelos laboratórios produtores no ano passado, teríamos disponibilidade e vacinas e quantas milhares de vidas teriam sido salvas em nosso país?”, indagou. “Tanta gente se foi neste ano porque o governo Bolsonaro e sua quadrilha se negaram a negociar com laboratórios sérios para conseguir comprar as vacinas e queriam propinas de um dólar por dose!”
O parlamentar disse que a CPI da Covid tem mostrado que Bolsonaro, “para tentar evitar o impeachment, está entregando as chaves do Ministério da Saúde para quadrilha de corruptos e está entregando o governo para salvar sua própria pele”. Observou que as compras feitas através de empresas intermediárias de fachada com contas em paraísos fiscais, num esquema criminoso, foram interrompidas por uma denúncia e pela CPI.
“Houve roubalheira, também, no transporte de vacinas, no transporte de medicamentos, na compra de testes. Este Governo tem a marca da mentira e a marca da corrupção, inclusive, ao destruir a vida das pessoas, no Ministério da Saúde”, completou Solla
Ele advertiu que o governo está se omitindo novamente em relação à imunização da população, já que não planeja compras de vacinas para 2022, mesmo constatando-se a efetividade dos imunizantes. “Pasmem vocês, até a esta altura, não há programação de entrega de doses para 2022. O orçamento de 2022 para compra de vacina é 86% menor: é de apenas 3,9 bilhões de reais ante 28 bilhões de reais aplicados neste ano com vacina”.
Ele criticou o Ministério da Saúde por não ter sequer organizado os dados em planilhas, já “a ordem do presidente é não mostrar que as vacinas funcionam”. Ele criticou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, por se comportar como fatonhe do negecionismo de Bolsonaro.
Solla denunciou também que é extremamente grave o corte de recursos para a área de saúde no ano que vem. São 43,5 bilhões de reais a menos previstos no orçamento do ano que vem para a saúde, isto é, 134,5 bilhões de reais, ante os 178 bilhões de reais deste ano.
Redação PT na Câmara