Em mais uma vitória para a enfermagem brasileira, o Congresso Nacional aprovou nesta quarta-feira (26) o projeto do governo Lula (PLN 5/23), que abre crédito especial no valor de R$ 7,3 bilhões para que o Ministério da Saúde possa auxiliar a implementação do piso salarial de várias categorias da enfermagem a partir de maio. Ao todo, 867 mil profissionais serão beneficiados.
Os recursos serão usados para auxiliar estados, municípios e o Distrito Federal no pagamento do piso da enfermagem. O senador Fabiano Contarato (PT-ES) é o autor do projeto de lei (PL 2.564/2020) que institui o piso salarial nacional dos enfermeiros em R$ 4.750. Os técnicos de enfermagem deverão receber 70% desse valor (R$ 3.325); e os auxiliares de enfermagem e as parteiras, 50% (R$ 2.375).
A deputada Erika Kokay (PT-DF), ao defender a aprovação dos recursos para assegurar o piso da enfermagem, afirmou que esses são momentos em que se presta uma homenagem à própria vida. “Aprovar esse PLN que assegura o piso da enfermagem é absolutamente um momento gracioso das nossas histórias, um momento gracioso deste Parlamento. Nós estamos aqui reconhecendo, concreta e objetivamente, que os heróis e as heroínas deste País usam jaleco branco, eles estão enfrentando toda a sorte de adversidade e têm um compromisso atávico com a própria vida”, enfatizou.
Portanto, continuou a deputada, “nós estamos aqui fazendo justiça aos profissionais de enfermagem que sustentam a saúde neste País”.
E o deputado Tadeu Veneri (PT-PR), ao comemorar a aprovação do PLN que garante o piso da enfermagem, destacou que agora, depois de uma longa espera, o piso é para valer. “Agora, no governo Lula, o piso será de fato assegurado porque tem fundamentação econômica”, afirmou. Ele acrescentou que o piso é fundamental. “É necessário que enfermeiros e enfermeiras tenham a dignidade de um salário, assim como aqueles que também serão beneficiados, principalmente os usuários”, completou.
“Temos orgulho de ter PLNs aqui que fazem parte da política do governo do presidente Lula, que é reconstruir este País, olhar para categorias da classe trabalhadora, dos servidores públicos, a exemplo da enfermagem, dar dignidade e atender às reivindicações históricas”, destacou o deputado João Daniel (PT-SE).
Bolsa Família
Na mesma sessão, os parlamentares aprovaram também o PLN 3/23, do governo Lula, que transfere, no Orçamento de 2023, os recursos do antigo Auxílio Brasil para o novo Bolsa Família. Do valor total previsto, a maior parte — R$ 70,85 bilhões — é destinada ao pagamento do Bolsa Família às famílias atendidas. Já R$ 44,37 milhões vão custear as despesas de operacionalização de pagamento dos benefícios, enquanto R$ 544,3 milhões serão destinados aos estados, aos municípios e ao Distrito Federal para apoiá-los na gestão do programa.
A deputada Dandara (PT-MG), ao defender a aprovação do projeto, afirmou que o Bolsa Família agora é um programa social de verdade. “Todas as famílias recebem, pelo menos, R$ 600 com acréscimo de R$ 150 por filho, que vincula a obrigatoriedade da matrícula, do cartão de vacina, em que há monitoramento e acompanhamento”.
Na avaliação da deputada, a volta do Bolsa Família acabou com a “farra do Auxílio Brasil, com a bagunça que era de não ter critério, de não ter, de fato, mecanismos de controle e de acompanhamento”, reiterou Dandara.
Reajuste dos servidores
Deputados e senadores também aprovaram o PLN 2/23, do governo Lula, que viabiliza a concessão de um reajuste de 9% aos servidores do Executivo a partir de maio. O impacto neste ano será de R$ 11,6 bilhões e já estava praticamente todo incluído no Orçamento de 2023.
O deputado Jorge Solla (PT-BA) argumentou que PLNs do governo Lula, que foram aprovados são fundamentais para criar espaço orçamentário, principalmente para o reajuste dos servidores federais, que ficaram 6 anos com seus salários congelados; para garantir o piso da enfermagem. “São alterações importantes no Orçamento da União, que já mostram a diferença que o atual governo está fazendo no cuidado das políticas públicas mais importantes, no trato com o servidor público, no trato com os profissionais de saúde, no trato com as políticas públicas que fazem a diferença na vida das pessoas em nosso País”, afirmou.
Desenvolvimento Científico
Foi aprovado ainda o PLN 1/23, do governo Lula, que abre crédito suplementar no Orçamento de 2023 de R$ 4,182 bilhões para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e para financiar ações do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). O projeto foi relatado pela deputada Dilvanda Faro (PT-PA) e segue para a sanção presidencial.
Os recursos serão utilizados para pagar despesas de administração e operacionais do FNDCT; equalizar a taxa de juros dos financiamentos para inovação tecnológica; investir em empresas inovadoras; subsidiar projetos de desenvolvimento tecnológico e financiar projetos de desenvolvimento tecnológico de empresas. Servirão também para implantar o reator multipropósito brasileiro; manter os contratos de gestão com organizações sociais e fomentar pesquisas.
Vetos – dedução do IR
Durante a sessão do Congresso os parlamentares apreciaram e derrubaram também o veto do ex-presidente Bolsonaro ao projeto de lei (PL 5307/20), que reabre o prazo para dedução, no Imposto de Renda, das doações feitas a dois programas de assistência a pacientes com câncer e a pessoas com deficiência. Pelo texto, que segue para promulgação, o novo prazo valerá até o ano-calendário de 2025 para as pessoas físicas e até o ano-calendário de 2026 para as pessoas jurídicas.
Os doadores puderam contar com a dedução até 2020, no caso de pessoas físicas, e até 2021, no caso de pessoas jurídicas, beneficiando os programas nacionais de apoio à atenção Oncológica (Pronon) e da Saúde da Pessoa com Deficiência (Pronas/PCD).
A deputada Dandara considerou importante derrubar o veto. “Nós sabemos muito bem a luta dos pacientes oncológicos. Queremos mais uma vez dizer que a saída é fortalecer o orçamento público. Para isso, garantir investimentos no SUS é fundamental, mas a dedução desses impostos também vai fortalecer isso”, argumentou.
Cartão consignado
O Congresso derrubou também o veto parcial do ex-presidente Bolsonaro à lei que aumentou para 45% dos vencimentos a margem do crédito consignado para servidores públicos federais, para desconto automático no contracheque. Com isso, passará a vigorar, na Lei 14.509, de 2022, um dispositivo que reserva 5 pontos percentuais desse limite para a amortização de despesas com cartão consignado de benefício. O texto segue para promulgação.
Vânia Rodrigues