O deputado Flávio Nogueira (PT-PI) comemorou em plenário, nesta terça-feira (24), a aprovação, pelo Senado, de projeto de lei (PL 597/21) de sua autoria que reconhece como manifestações da cultura nacional as obras do poeta, ator, diretor, compositor, cineasta e jornalista piauiense Torquato Neto. “Trata-se de projeto que declara as obras de Torquato Neto patrimônio cultural imaterial do Brasil. Caberá, portanto, ao poder público federal, por meio de seus órgãos específicos, cooperar com o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) na preservação e utilização dessas obras”, explicou o deputado. A proposta segue para sanção.
Ao enaltecer seu conterrâneo, o parlamentar destacou que Torquato Neto foi um importante poeta, escritor, jornalista, cineasta, que tem um acervo cultural muito grande, inclusive com algumas obras ou ações ainda inéditas. “Ele foi um artista perseguido pela ditadura de 1964 a 1985. Teve de se exilar para Paris e, de lá, mandava, portanto, as suas obras, muitas delas censuradas”, citou.
As ditaduras, frisou Flávio Nogueira, não torturam só fisicamente, mas também psicologicamente. “Esse jovem escritor, com 28 anos, perdeu a sua vida em virtude de depressão. Isso é o que fazem os regimes fortes. Não interessa, de maneira alguma aqui de minha parte, que tipo de ditadura seja, o importante é que nós possamos viver nos regimes democráticos”, defendeu.
Biografia
Torquato Pereira de Araújo Neto nasceu em Teresina em 1944. Em 1961 mudou-se para Salvador, onde conheceu Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gal Costa. A partir de 1963, no Rio de Janeiro, formou com esses e outros artistas, como Capinam e Tom Zé, o movimento tropicalista, que fundia referências de gêneros musicais diversos, como a bossa nova, o rock e ritmos regionais.
Entre suas primeiras letras está Louvação, lançada inicialmente por Elis Regina e, posteriormente, pelo seu coautor, Gilberto Gil, em 1967. Nos anos seguintes, compôs letras como Geleia Geral, Mamãe, Coragem e Pra Dizer Adeus, musicadas por Gil, Caetano Veloso e Edu Lobo, respectivamente.
Em 1968, após a prisão de Caetano e Gil, resolveu deixar o Brasil. Depois de um ano morando em Londres e Paris, retornou ao Rio de Janeiro.
Entre 1970 e 1972, Torquato atuou nos filmes Nosferatu no Brasil e A Múmia Volta a Atacar, de Ivan Cardoso, além de Helô e Dirce, de Luiz Otávio Pimentel. Entre 1971 e 1972, redigiu a polêmica coluna “Geleia Geral”, no jornal carioca Última Hora. Nesse espaço, militou pelo cinema marginal e pelos direitos autorais e combateu o Cinema Novo e a música comercial.
Torquato Neto morreu em 1972, no Rio de Janeiro.
Vânia Rodrigues, com Agência Senado