Após Araújo, Guedes assume papel de doido da vez e ataca China

O governo Bolsonaro não consegue ficar muito tempo sem causar incidentes diplomáticos que, invariavelmente, se alastram para incêndios impossíveis de apagar. Após saída do trapalhão Ernesto Araújo do Ministério das Relações Exteriores, o ministro da Economia Paulo Guedes assumiu o papel de maluco da vez e criador de desastres para as relações internacionais do Brasil. Nesta terça-feira (27), Guedes disparou sua metralhadora giratória durante uma reunião do Conselho de Saúde Suplementar (Consu), sem saber que estava sendo gravado. O alvo: a China, maior parceiro comercial do Brasil e principal fornecedor de insumos e vacinas contra a Covid-19.

“O chinês inventou o vírus e a vacina dele é menos efetiva que a do americano”, disse Guedes, replicando a insana tese dos filhos de Bolsonaro de que o vírus foi desenvolvido por laboratórios da China. “O americano tem 100 anos de investimento em pesquisa. Os caras falam: qual é o vírus? É esse? Tá bom. Decodifica. Tá aqui a vacina da Pfizer. É melhor que as outras. Então vamos acreditar no setor privado”, insistiu o titular da Economia.

Mais tarde, diante do estrago, Guedes tratou de se retratar, afirmando que usou uma “imagem infeliz” para falar sobre a Coronavac, imunizante usado para vacinar o próprio ministro. Guedes desconversou, tentando frisar que ressaltava a importância do setor privado na produção de vacinas. Mas era tarde demais, o dano era fato consumado.

Imediatamente, o embaixador da China no Brasil Yang Wanming respondeu à mais nova agressão gratuita do governo Bolsonaro ao gigante asiático. “Até o momento, a China é o principal fornecedor das vacinas e os insumos ao Brasil, que respondem por 95% do total recebido pelo Brasil e são suficientes para cobrir 60% dos grupos prioritários na fase emergencial”, advertiu o embaixador. “A Coronavac representa 84% das vacinas aplicadas no Brasil”, afirmou, pelo Twitter.

Reações

A catástrofe diplomática causada por Guedes provocou abalos em Brasília. A presidenta Nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), criticou duramente o ministro.

“Diplomata do desastre, num dia só, Guedes ataca China, critica expectativa de vida do brasileiro e diz que o direito à vida sufoca o Estado, não a pandemia”, afirmou Gleisi, em referência a outra declaração estapafúrdia de Guedes de que a “longevidade” é ruim para os cofres públicos.

“Todo mundo quer viver 100 anos, 120, 130 anos”, reclamou Guedes, em mais uma inacreditável demonstração do desprezo do governo Bolsonaro pela vida do brasileiro. “[Guedes] copia o chefe genocida com louvor, como um capataz. Não sei o que é pior, sua incompetência ou sua maldade”, condenou a deputada petista.

O presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, Fausto Pinatto, também reagiu. “Guedes vestiu a fantasia do Bolsonaro e rasga sua biografia para se manter no cargo”, declarou o deputado ao Congresso em Foco. “É uma catástrofe. Viramos um hospício”, disse Pinatto. Ele avalia que a constante humilhação com a qual o Brasil trata o parceiro comercial desde o início do governo Bolsonaro prejudicará o agronegócio pelos próximos dois anos.

Por PT Nacional

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