A comunidade LGBTI conta com mais uma ferramenta de proteção. O aplicativo Tia Lu foi lançado em audiência da Comissão de Legislação Participativa da Câmara nesta quarta-feira (25).
Atualmente disponível nos celulares que utilizam o sistema Android, o aplicativo foi idealizado e colocado em prática pela Rede Gay Brasil e tem por objetivo permitir que pessoas em situação de risco possam acionar um pedido de socorro pelo celular.
O Tia Lu já funciona em São Paulo, na Paraíba, na Bahia, no Rio Grande do Sul e, a partir de agora, no Distrito Federal. Como está sendo financiado com recursos dos ativistas, a plataforma deve ser implantada a cada mês em um estado diferente.
O deputado Nilto Tatto (PT-SP), autor do requerimento para realização do evento, destacou a importância de se ter mecanismos de defesa para a população LGBTI. “É importante que aqui dentro desta Casa essa luta possa ressoar para o País inteiro. Também é preciso enfrentar o debate, porque estamos correndo sérios riscos com a quantidade de proposições que vão no sentido contrário e apontam para retrocessos do ponto de vista do reconhecimento dessa diversidade”.
O coordenador-geral da Rede Gay, Fábio de Jesus, afirmou que, além de possibilitar o salvamento de vidas, o aplicativo vai permitir a coleta de dados que poderão nortear políticas públicas para a população LGBTI.
Fábio de Jesus explicou que os coordenadores regionais serão responsáveis por entrar em contato com aqueles que utilizarem o aplicativo, para encaminhar essas pessoas para o registro de boletim de ocorrência, se isto já não tiver sido feito.
“A partir do momento que a gente tiver estatísticas de boletins de ocorrência, a gente vai ter números para falar ‘tantos LGBTIs estão sofrendo no País’ e aí a gente vai cobrar políticas públicas dos estados”, ressaltou.
O presidente da Comissão de Legislativa, Leonardo Monteiro (PT-MG), reforçou o papel do Parlamento na segurança LGBTI e criticou o governo Bolsonaro. “Os LGBTI é um grupo que se apresenta em situação de vulnerabilidade e enfrenta preconceito, exclusão, discriminação e abandono, fazendo do nosso País, um dos mais violentos para eles. E essa triste realidade se dá em função da consolidação histórica de uma cultura machista, racista, misógina, e LGBTIfóbica, estruturada em uma sociedade heteronormativa e fundamentalista”, afirmou Leonardo Monteiro.
Para o deputado, é importante que o Congresso Nacional assuma sua reponsabilidade e “se debruce sobre o tema para dar fim à violência contra a população, para que possamos buscar estratégias conjuntas de enfrentamento a essa problemática que ceifa vida de inocentes, todos os dias no País”, ressaltou Leonardo Monteiro.
Segundo dados do Grupo Gay da Bahia, em 2018, o Brasil registrou 420 mortes na comunidade LGBTI.
Apelo LGBTQ+
Secretário Nacional de Comunicação e Tecnologia da Rede Gay Brasil, Adailson Felix Da Rocha, pediu ajuda em nome do LGBTQ+ e falou sobre Tia Lu. “A partir da violência registrada e crescente no País, pensamos em criar algo que pudesse nos proteger. Porque, infelizmente, não podemos esperar por governo, e principalmente nesse momento difícil que passamos. É preciso também que se inclua o Disque 100 no aplicativo para que tenhamos melhores dados estatísticos. Peço o apoio à sociedade civil, ao governo, para que tenhamos mais iniciativas como essas, que possam proteger a população que ao sair de casa, sai como vítima e retorna como sobrevivente”, alertou Adailson Felix.
O aplicativo recebeu este nome em homenagem ao ativista dos direitos LGBTI na Paraíba, Luciano Bezerra, que morreu vítima de um infarto em 2017. Luciano foi presidente da ONG Movimento Espírito Lilás, e referência para gays, lésbicas e trans em todo o estado.
Participaram também da audiência, Marina Reidel, diretora de Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais; Fábio de Jesus Silva, coordenador nacional da Rede Gay; Ginaldo de Almeida Figueiredo Júnior, da Secretaria para Assuntos Jurídicos e Segurança Pública da Rede Gay Brasil; Maria Silvia, da Secretaria da Mulher e dos Direitos Humanos.
Tuanny Carvalho com Agência Câmara Notícias