O deputado Angelim (PT-AC) utilizou a tribuna da Câmara, nesta terça-feira (30), para fazer uma reflexão sobre a situação dos refugiados, em especial os do Oriente Médio. Ele lembrou o episódio recente do menino encontrado morto em uma praia da Turquia, após o naufrágio do barco que tentava ir até a Ilha grega de Kros. Imagem que chocou o mundo. “Depois daquela data, dezenas de novas crianças morreram em naufrágios nessa travessia. E é interessante refletir sobre isso. Que essas imagens que tanto nos chocaram sirvam para que a gente possa ter um olhar diferenciado e urgente para a inadiável situação em que vivem os refugiados”, afirmou.
Angelim defendeu que é preciso fazer um trabalho direcionado de acolhimento dessas pessoas, que geralmente se encontram no limite de sua sanidade física e psicológica. E lembrou que o Acre foi muito criticado aqui na Câmara por ter recebido um número grande de refugiados do Haiti. “Fomos criticados porque o Acre é um estado pobre e mesmo assim recebeu cerca de 40 mil haitianos imigrantes que por lá passaram”, lamentou.
O Brasil, continuou Angelim, é o maior País católico do mundo, segundo em população cristã e terceiro em população evangélica. “Não podemos lavar as mãos, como fez Pôncio Pilatos, diante de uma situação tão calamitosa como a que enfrentam os refugiados de guerra e de calamidades públicas”, argumentou. Ele destacou que muitas dessas pessoas recorrem a coiotes para fazer a travessia perigosa, seja por mar, seja por terra, até chegar a seus países de destino. “Muitas delas são extorquidas, abusadas sexualmente ou até mesmo enganadas e abandonadas no meio do caminho. Muitas carregam consigo apenas o sonho de querer começar uma nova vida”, ressaltou.
Angelim disse, entretanto que, em meio a essas duras provações, sempre aparecem histórias de superação pessoal que comprovam a grandeza de caráter e a força do ser humano. E citou o exemplo de NadineTelleis, uma haitiana com deficiência visual que chegou ao Acre, após o terremoto de 2010 e hoje é estudante de Direito aqui em Brasília, e sonha em ser diplomata e poder ajudar outras nações e outras pessoas. “Felizmente, Nadine tem uma história feliz para contar, o que, como acreano, me enche de orgulho, afinal isso demonstra o alto espírito humanitário do povo que represento nesta Casa”.
O deputado Angelim afirmou que o mundo não pode colocar um olhar de indiferença a milhares de refugiados que cruzam os mares do planeta. “Não pode ter questões apenas política, econômica e ideológica levem milhões de pessoas à morte, ao descalabro, à indiferença à pobreza, à subcondição de humanização”, defendeu.
Angelim refutou ainda qualquer iniciativa que venha na direção contrária à posição brasileira de abrir o País para acolher os refugiados. “Eu acho que é uma visão humanitária. É uma condição de Brasil. E o que nós temos que ver hoje é uma cidadania, abrir os braços para aqueles que mais precisam”, argumentou.
Vânia Rodrigues
Foto: Salu Parente
Mais fotos: www.flickr.com/photos/ptnacamara