O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) entrou com uma representação no Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando que o governo federal apresente, em até 48 horas, um cronograma para atender as recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de vacinação contra a Covid-19 para crianças de cinco a 11 anos. Antes da liberação decidida nesta quinta (16), o uso da vacina Pfizer estava liberado no Brasil apenas para pessoas acima de 12 anos.
“Vários países vacinando suas crianças antes das festas de fim de ano, das férias e etc, enquanto o Brasil nem se planejou para esse momento. Se tivéssemos um governo federal sério, o Ministério da Saúde estaria anunciando o calendário de vacinação. Por isto, mais uma vez, temos que recorrer ao STF para garantir vacina para nossas crianças”, disse Padilha.
Desde julho, vários países já autorizaram a vacinação de crianças. Segundo a Pfizer, a União Europeia e mais de 10 países já permitem o uso do imunizante para a faixa etária a partir de 5 anos de idade. São eles: Estados Unidos, Costa Rica, Colômbia, Equador, El Salvador, Honduras, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai. Também já estão vacinando crianças com outros imunizantes – em alguns casos acima de 3 anos – a Argentina, Canadá, China, Chile e Cuba.
Apesar das evidências científicas favoráveis a vacinação de crianças, o presidente Jair Bolsonaro criticou a medida. Nesta quinta-feira (16), na tradicional live que faz semanalmente, o presidente condenou a decisão da Anvisa. Ele informou que pediu o nome dos técnicos do órgão que tomaram a decisão e ameaçou divulga-los publicamente. Segundo Bolsonaro, a população teria o “direito de saber” quais técnicos foram os responsáveis pela liberação.
Em resposta a Bolsonaro nesta sexta-feira (17), a Anvisa divulgou nota oficial afirmando que desde outubro integrantes do órgão vem sofrendo “ameaças de morte e toda sorte de atos criminosos, por parte de agentes antivacina, no escopo da vacinação para crianças”. “Esta agência se encontra no foco e no alvo do ativismo político violento”, revelou o órgão.
Ao repudiar os ataques de Bolsonaro, a nota diz ainda que “repudia e repele com veemência qualquer ameaça, explícita ou velada que venha constranger, intimidar ou comprometer o livre exercício das atividades regulatórias” exercidas pelo órgão. A declaração é assinada pelo Diretor-Presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres e os demais diretores da agência.
Vacinação de crianças
Da mesma forma que acontece com os adultos, as crianças também deverão tomar duas doses para imunização completa, com intervalo com 21 dias. No entanto, a quantidade equivale a um terço da aplicada em pessoas acima de 12 anos.
Héber Carvalho