Afonso Florence: Para combater a Covid-19, só orçamento de guerra

O ministro Paulo Guedes está em campanha contra o “Programa Emergencial de Apoio a Estados e Municípios no Combate ao coronavírus (COVID-19)”, que provavelmente será votado hoje (13 de abril) na Câmara dos Deputados. Se aprovado na Câmara e no Senado, se transformará em uma Lei Complementar, que garantirá compensação das receitas de estados (ICMS) e municípios (ISS) frustradas por causa da recessão causada pelo isolamento social, necessário na tentativa de contenção da pandemia de covid-19.

É ao Sistema Único de Saúde (SUS), gerido por estados, municípios, consórcios públicos e, em menor medida, pelo governo federal que, regularmente, a quem compete cuidar da saúde da imensa maioria da população, através da rede da atenção básica (nos Postos de Saúde e Unidades Básicas de Saúde, com médicos, enfermeiros e agentes comunitários de saúde e de endemias), de média e de alta complexidade. A pandemia aumentou incomensuravelmente a demanda por investimentos na infraestrutura hospitalar de alta complexidade e no conjunto de dos demais gastos na área.

As estimativas apontam que estados e municípios perderão aproximadamente 30% da sua arrecadação, num momento em que precisam de mais recursos para enfrentar a pandemia e compensar a receita perdida. Se a compensação das receitas não for realizada, estados e municípios não poderão manter o funcionamento da saúde e de outros serviços essenciais. As pessoas, no campo e nas cidades, precisam de atendimento médico e dos outros serviços públicos essenciais.

No meio da guerra contra o coronavírus, Guedes prioriza aprovar o ajuste fiscal, as privatizações e o corte de salários do funcionalismo. Entretanto, ele sabe que tem pouca chance por causa da obstrução do PT e dos partidos de oposição, e das declarações do presidente Rodrigo Maia e do relator do Plano Mansueto, o deputado Pedro Paulo (DEM-RJ), que no seu mais recente texto incluiu a recomposição de ICMS e do ISS, e anunciou a retirada dos condicionantes do ajuste fiscal propostos por Guedes e Mansueto. Assim, provavelmente, o plano Mansueto será derrotado, como alternativa de “apoio” aos estados e municípios durante a recessão e o combate à pandemia.

No plano Mansueto, não há previsão de compensação dessas receitas perdidas. Para tentar impedir a aprovação da compensação das receitas perdidas, Guedes agora diz que o governo pode liberar R$ 40 Bilhões para ajudar os estados e municípios. Entretanto, além de não ter enviado ao Congresso qualquer matéria legislativa nesse sentido, esse valor é insuficiente pois a queda de receita dos estados e municípios está estimada em algo da ordem de R$ 70 bilhões, finalmente, condicionar esse recurso às regras fiscais vigentes é ignorar a Emergência da guerra contra a covid-19.

Com o “ orçamento de guerra” o governo federal poderá realizar o déficit fiscal necessário para combater a pandemia, inclusive sem precisar cumprir nem a regra de ouro, nem a LRF, e o Banco Central autorizado a fazer operações que até então lhe eram vedadas, ou seja, o governo tem dinheiro suficiente para combater o coronavírus, e para compensar as perdas de receitas de estados e municípios, garantindo que eles cumpram suas missões nessa guerra.

Quem pagará a conta de dos gastos da atenção básica, da alta e da média complexidade geridas por estados e municípios será a sociedade brasileira através do orçamento de guerra do Estado. Existem instrumentos excepcionais de gestão fiscal, orçamentária e política monetária, aprovados pelo Congresso e pelo Judiciário, para que o governo central do Brasil equacione os gastos dos municípios e estados na promoção da saúde das pessoas.

Guedes pressiona publicamente o Senado para que rejeite o texto que, provavelmente, será aprovado hoje à noite na Câmara. Nós temos convicção que nessa hora de guerra contra a covid-19 a casa da federação aprovará a recomposição das receitas de ICMS e ISS, garantido que o Estado brasileiro atue em socorro à saúde do seu povo, e agendando o debate sobre ajuste fiscal para outro momento.

 

Afonso Florence é deputado federal (PT-BA), vice-líder da Minoria.

Está gostando do conteúdo? Compartilhe!

Postagens recentes

CADASTRE-SE PARA RECEBER MAIS INFORMAÇÕES DO PT NA CÂMARA

Veja Também

Jaya9

Mostbet

MCW

Jeetwin

Babu88

Nagad88

Betvisa

Marvelbet

Baji999

Jeetbuzz

Mostplay

Melbet

Betjili

Six6s

Krikya

Glory Casino

Betjee

Jita Ace

Crickex

Winbdt

PBC88

R777

Jitawin

Khela88

Bhaggo

jaya9

mcw

jeetwin

nagad88

betvisa

marvelbet

baji999

jeetbuzz

crickex

https://smoke.pl/wp-includes/depo10/

Depo 10 Bonus 10

Slot Bet 100

Depo 10 Bonus 10

Garansi Kekalahan 100