Em artigo publicado nesta terça-feira (19), na Gazeta de S.Paulo, o deputado federal Nilto Tatto (SP-PT), secretário nacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento do partido, alerta que a menos de duas semanas da semanas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), ainda não está clara qual será a postura da comitiva brasileira no encontro. Ele destaca que os recordes de queimadas e desmatamento; a destruição de biomas como o Cerrado, o Pantanal e a Amazônia; os desmontes no sistema ambiental brasileiro e a violência contra os povos guardiões das florestas, preocupam uma parcela do empresariado tupiniquim, que teme perder mais investimentos estrangeiros e o boicote à produtos nacionais.
Ele afirma ainda que, “sem se preocupar efetivamente em combater crimes ambientais, mas com o objetivo de tranquilizar os detentores do capital e forjar uma imagem enganosa do Brasil no exterior”, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, pode colocar em votação, a qualquer momento, alguns projetos com aparência progressista, mas que seguramente não atacarão o cerne do problema.
“Algumas perguntas, no entanto, seguem sem resposta: qual maquiagem será possível para tentar encobrir os dados gerados por satélite, que apontam o aumento das queimadas e da emissão de CO2? Como o governo brasileiro pretende encobrir a morte de crianças Yanomami, dragadas pela expansão do garimpo? Qual a estratégia será usada desta vez para tentar silenciar as lideranças indígenas, quilombolas e de movimentos pela terra, que vem fazendo denúncias contra este governo em instâncias internacionais?”, indaga o Nilto Tatto.
Leia a íntegra do artigo:
O Brasil na conferência do clima
A menos de duas semanas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), ainda não está clara qual será a postura da comitiva brasileira no encontro. Os recordes de queimadas e desmatamento; a destruição de biomas como o Cerrado, o Pantanal e a Amazônia; os desmontes no sistema ambiental brasileiro e a violência contra os povos guardiões das florestas, preocupam uma parcela do empresariado tupiniquim, que teme perder mais investimentos estrangeiros e o boicote à produtos nacionais.
Mas não é apenas entre os empresários que soou o alerta vermelho: cientistas; ambientalistas; parlamentares; ONG’s e movimentos sociais, há muito tempo vem alertando a sociedade sobre os riscos que a política ambiental do governo Federal representa para a economia, para o desenvolvimento social, para a saúde e para o meio ambiente. As consequências do desgoverno podem ser vistas na maior seca das últimas décadas; nas tempestades de poeira que cobriram cidades inteiras; na mortandade de animais; na contaminação dos alimentos e do meio ambiente e no extermínio de indígenas, quilombolas e outros povos do campo, das florestas e das águas.
Sem se preocupar efetivamente em combater crimes ambientais, mas com o objetivo de tranquilizar os detentores do capital e forjar uma imagem enganosa do Brasil no exterior, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, pode colocar em votação a qualquer momento, alguns projetos com aparência progressista, mas que seguramente não atacarão o cerne do problema. A estratégia é muito conhecida do bolsonarismo: falar qualquer coisa para desmobilizar a Oposição, captar recursos, causar confusão e seguir seu projeto de destruição.
Algumas perguntas, no entanto, seguem sem resposta: qual maquiagem será possível para tentar encobrir os dados gerados por satélite, que apontam o aumento das queimadas e da emissão de CO2? Como o governo brasileiro pretende encobrir a morte de crianças Yanomami, dragadas pela expansão do garimpo? Qual a estratégia será usada desta vez para tentar silenciar as lideranças indígenas, quilombolas e de movimentos pela terra, que vem fazendo denúncias contra este governo em instâncias internacionais?
Nilto Tatto é deputado federal pelo PT-SP e secretário nacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Partido dos Trabalhadores
(Publicado originalmente na Gazeta de S.Paulo)