No dia em que a prisão política do ex-presidente Lula completa 102 dias, um grupo de senadores da Comissão de Constituição e Justiça do Senado fez, nesta terça-feira (17), uma verificação das condições da Superintendência da Polícia Federal, local em que o presidente Lula se encontra encarcerado injusta e ilegalmente, desde o dia 7 de abril. Ao deixar a sede da PF em Curitiba, os senadores se manifestaram sobre o encontro com um dos maiores líderes políticos da América Latina. A iniciativa da visita foi do senador Jorge Viana (PT-AC).
“Nós visitamos todos os presos e tivemos um encontro com o presidente Lula. Ele clama por justiça. Ele não quer nenhum tipo de concessão, ele só espera um julgamento justo em respeito à sua história e ao povo brasileiro que confia nele. Vimos uma pessoa que está com indignação de quem sofre injustiça, mas aquele que também tem a paciência de esperar pela justiça”, relatou Jorge Viana, que também esclareceu o caráter oficial e suprapartidário da atividade.
O senador Renan Calheiros (MDB-AL), um dos integrantes da comitiva, afirmou que a visita institucional demonstra, sobretudo, solidariedade ao presidente Lula por tudo que ele “representou e representa para o País”. Destacou ainda que a presença dos parlamentares na capital paranaense significa uma “cobrança para que o processo sobre o qual o ex-presidente é vítima siga o rito da legalidade e da constitucionalidade”.
“Eu tenho certeza que não está seguindo [o rito]. A decisão do Supremo é no sentido de que você pode, em determinados casos, antecipar o cumprimento da pena e não, obrigatoriamente, como o Tribunal Regional Federal da quarta Região fez. O presidente Lula é mais do que nunca um preso político e a sua presença crescente nas pesquisas de opinião é a certeza do povo de que isso está acontecendo”, frisou Calheiros.
O senador alagoano contou que encontrou o ex-presidente “animado’ e convicto de que vai provar a sua inocência. Assim como Lula, o senador também tem a convicção de que o ex-presidente vai provar a sua inocência porque, segundo ele, não há prova, não há materialidade no processo. “A decisão de primeira instância foi estapafúrdia e com base em convicção. A decisão do TRF-4 foi apressada – em janeiro – e colocada no cenário eleitoral de propósito. Então, tudo isso transforma cada dia mais a prisão dele [Lula] em uma prisão política. Por isso que ele cresce, continua crescendo nas pesquisas, sobretudo no Nordeste”, declarou.
O presidente da CCJ do Senado, Edison Lobão (MDB-MA) observou que o presidente Lula escolheu o caminho da prisão para manter a sua integridade. “Ele poderia ter tido uma outra intenção. Não, ele quer que provem que ele é culpado, e até que isso aconteça, ele é inocente. Ele está com convicção plena que provará a sua inocência e que sairá daqui limpo como ele sempre foi”, relatou.
Já o senador Roberto Requião declarou que que encontrou Luiz Inácio Lula da Silva “com uma vontade inquebrantável, acreditando na sua inocência e esperando que suas apelações sejam julgadas com consequência de sua liberação”.
Eleição 2018 – Ao ser questionado por jornalistas sobre a candidatura de Henrique Meirelles à Presidência da República, o senador Renan Calheiros ironizou: “Eu acho que a candidatura do Meirelles ficaria muito bem para a Presidência do Banco de Boston, para presidência da Febraban. Jamais para Presidência da República. O Meirelles não é originário do PMDB. Ele é originário da JBS. Enfim, é um candidato do sistema financeiro”, alfinetou Calheiros.
O senador Armando Monteiro (PTB-PE) também participou da visita ao ex-presidente Lula.
Benildes Rodrigues
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