O governo ilegítimo de Michel Temer (MDB) deu mais um passo para seguir no desmonte do Estado brasileiro e entregá-lo para a quadrilha que se apossou do poder após o golpe de 2016. Percebendo que a sociedade brasileira e o parlamento federal criariam dificuldades para a venda da Eletrobras, agora os golpistas editaram decreto incluindo a estatal dentro do Plano Nacional de Desestatizações, numa tentativa de atropelar as prerrogativas do Congresso Nacional e privatizar a qualquer custo uma empresa que há mais de 50 anos pertence ao povo brasileiro.
O decreto foi editado no final da tarde da quinta-feira (19) e entra em vigor na data de sua publicação. Moreira Franco, novo Ministro de Minas e Energia do governo golpista e colecionador de mais de trinta citações em delações premiadas sobre esquemas de corrupção com a participação de Temer e outros correligionários, foi quem articulou a manobra.
Nesta semana o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr, esteve na Câmara dos Deputados para participar de reunião com os parlamentares na Comissão Especial que analisa o projeto de lei com a proposta de venda do sistema elétrico do País. Em pouco mais de 4 horas de debates, o executivo foi questionado sobre os motivos que justificariam a venda da estatal.
Apesar do esforço de Wilson Ferreira Jr, ao final ficou patente que a única razão para privatizar a Eletrobras é fazer agrados aos grupos financeiros que deram – e dão – sustentação ao governo golpista comandado por Michel Temer, acusado pelo Ministério Público Federal de chefiar uma quadrilha especializada em drenar recursos dos cofres públicos.
O deputado federal Pedro Lula Uczai (PT-SC), presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Eletrosul, apontou a incapacidade do governo em gerir o setor e acusou a falta de legitimidade de Temer para propor a venda da estatal. “O governo demonstra a sua incompetência em administrar a Eletrobras e, para piorar, decide entregá-la ao controle privado a um preço vil”, aludindo ao valor estimado de venda da empresa, algo em torno dos R$ 12 bilhões, enquanto analistas dizem que o valor da empresa é de aproximadamente R$ 400 bilhões.
Na próxima semana estão programadas audiências públicas na Câmara dos Deputados para debater a proposta de venda da Eletrobras. Aspectos como a preservação e manutenção dos rios serão objeto de análises. “Ao se privatizar o sistema elétrico, também estaremos dando acesso privilegiado às nossas águas para as empresas que irão explorar as usinas hidrelétricas; em última instância, não terão controle apenas sobre a energia, mas também aos nossos rios e o potencial contido neles”, destacou o deputado Pedro Uczai.
A mobilização da sociedade brasileira contra a privatização da Eletrobras segue firme e dá sinais de que é um forte entrave aos planos golpistas. “A edição do decreto incluindo a Eletrobras dentro do Plano Nacional de Desestatizações mostra o desespero do governo Temer em cumprir os acordos que permitiram o golpe, pois ele já percebeu que o povo brasileiro não vai aceitar insegurança energética e explosão do preço das tarifas em mais uma negociata de Temer e sua quadrilha”, finalizou o parlamentar.