Os 11 senadores que visitaram, na tarde desta terça-feira (17), o ex-presidente Lula na Superintendência da Polícia Federal (PF), em Curitiba (PR), encontraram um Lula forte, altivo, esperançoso, consciente do seu papel político e, acima de tudo, confiante na democracia e na justiça. “Lula é um gigante, Lula não existe. Na situação em que se encontra, foi ele quem nos pegou pelo braço”, disse de forma emocionada, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). A comitiva parlamentar também revelou que, acima de tudo, Lula está determinado a provar sua inocência.
Tomados pela emoção do reencontro com o ex-presidente, os senadores disseram, unanimemente, ser impossível não manifestar indignação em ver Lula na condição de preso político. Ao mesmo tempo, afirmaram que ele está certo das razões que o levaram a esta situação, que foi justamente ter promovido uma histórica e inédita ascensão das pessoas mais pobres do Brasil a uma condição de inclusão social e de dignidade humana. “Saio desta visita com mais força e com mais indignação. E espero que esse sentimento motive cada um de vocês”, completou Lindbergh, ao falar para as pessoas acampadas em frente à PF.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidenta do nacional do PT, ressaltou que Lula, para além da sua condição de preso político, mostrou estar muito preocupado com o País. De maneira contundente, Gleisi manifestou ser desumano a Justiça desrespeitar o Código de Execução Penal, barrando visitas ao ex-presidente. “Temos muitos pedidos de visita, Lula tem muitos amigos. É uma barbaridade esse isolamento. Lula não é um criminoso, um ladrão. Não tem processo julgado em terceira instância. Estamos frente a um flagrante desrespeito aos Direitos Humanos”, protestou.
Os 11 senadores que estiveram em Curitiba hoje participaram de visita oficial da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado (CDH) do Senado, cujo objetivo era verificar as condições de toda a carceragem da Superintendência da PF. “O grande problema não são as instalações físicas, o que nos chama a atenção é o isolamento que está sendo imposto ao ex-presidente Lula, justamente uma pessoa que fez do diálogo e da conversa as coisas mais importantes da sua vida”, denunciou o senador Humberto Costa (PT-PE).
De acordo com o senador pernambucano, a reivindicação é para que Lula tenha o direito a ser visitado por seus amigos, assim como prevê a lei. “Essa comissão vai deixar claro no Congresso Nacional que Lula está submetido a um regime de solitária. Foi isso que vimos lá”, completou. Assim como os demais senadores, Humberto Costa reforçou o ânimo do ex-presidente. “Ele está sereno e forte, mas preocupado com a situação do seu povo e com o futuro da democracia brasileira”, disse.
A senadora Fátima Bezerra (PT-RN) – ao também manifestar um misto de emoção e de indignação após a visita – trouxe um recado do reencontro com o maior líder popular da história do Brasil. “Cabe a todos nós intensificar a luta, é essa a mensagem que ele transmitiu para todos nós”, comunicou. De acordo com a senadora, Lula carrega a tranquilidade dos inocentes e a indignação dos injustiçados. “Ele foi quem nos deu força”, confessou.
Como numa relação de reciprocidade, o senador José Pimentel (PT-CE) disse para as pessoas acampadas em Curitiba que Lula também se fortalece com as manifestações que chegam até ele. “Vocês transmitem uma energia muito forte para o presidente”, contou. Pimentel ressaltou ainda que, há cinco dias, Fortaleza montou um acampamento nos moldes do que está erguido na capital paranaense. “Estamos lá, em frente à Justiça Federal. Embora distante de Curitiba, é um ato importante que nos permite dialogar com a sociedade, com os movimentos sociais, com os trabalhadores”, analisou.
Diante dos acampados, o senador Paulo Rocha (PT-PA) resgatou um pouco do que representou para o Brasil as lutas encampadas pela geração que se contrapôs à ditadura militar, que foi para as ruas reivindicar a redemocratização do País, que pediu eleições diretas, que firmou um pacto democrático por meio de uma Constituição Cidadã. “Foi por meio da democracia que elegemos o melhor e maior presidente do Brasil”, disse, referindo-se a Lula. “Ele recuperou a soberania do País diante de outras nações, fez chegar políticas públicas nos confins do Nordeste e da Amazônia”, completou.
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) – também contagiada com a força transmitida por Lula – direcionou aos manifestantes acampados uma mensagem de encorajamento e de gratidão. “Foi exatamente isso que Lula acabou de nos transmitir. Vocês estão aqui dia e noite, não têm se dobrado à chuva, ao frio ou às imposições que a Justiça tem feito”, disse. “Essa resistência de vocês é a resistência de milhões de brasileiros”, contou.
Grazziotin reforçou que a tentativa de manter Lula preso é a mesma tentativa de prender “um projeto de País que procurou incluir pessoas”. “Quem está presa naquela sala é uma pessoa que representa um projeto de todos nós. É o projeto da maioria do povo brasileiro, que venceu nas últimas quatro eleições. Vivemos um golpe de novo tipo. Não são os militares e canhões que saem às ruas, agora é a Justiça. Eles se aproveitam da aparência de legalidade para tentar derrotar esse projeto”, protestou.
A senadora Regina Sousa (PT-PI) também mandou seu recado para a militância democrática. “A arma é a resistência. Lembrem-se do recado que foi dado pelo presidente no sábado passado: quando eu não puder falar, falarei pela voz de vocês”, disse a senadora, em referência ao histórico discurso de Lula, em São Bernardo do Campo (SP), quando comunicou que iria cumprir a prisão ilegal e abusiva decretada pelo juiz Sérgio Moro. “A gente precisa continuar fazendo tudo o que for possível”, completou.
O senador Paulo Paim (PT-RS) conclamou a “massa” para ali – do lado de fora da Polícia Federal – mandar um recado para fazer o presidente Lula ouvir. Como numa espécie de jogral, fez uma sequência de questionamentos que foram sempre respondidos – em alto e bom som – com a mesma resposta: “Lula!”. “Quem mais fez pela comunidade negra deste País? Quem mais fez pelos indígenas? Quem mais construiu universidades? Quem elevou o salário mínimo para 300 dólares?”, perguntou o senador, acrescentando outros tantos feitos do ex-presidente.
Também participaram da visita a Lula o senador João Capiberibe (PSB-AP) e a senadora Lídice da Mata (PSB-BA).
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