Em ato internacional de apoio ao direito de Lula ser candidato, que ocorre ao longo desta segunda-feira (22), em Porto Alegre, a presidenta eleita Dilma Rousseff foi muito aplaudida ao traçar um raio-x do golpe por que passa o país, dividindo-o em três atos, sendo o último a tentativa de afastar artificialmente o ex-presidente Lula da disputa eleitoral de outubro deste ano.
A fala da presidenta se deu no evento “Diálogos Internacionais pela Democracia”, organizado pela fundações Perseu Abramo e Maurício Grabois (PC do B), que conta com a presença de políticos, sindicalistas e membros de entidades da sociedade civil da América Latina e Europa, em Porto Alegre, dentro da programação de atos marcados em defesa de Lula daqui até o dia 24.
“O Golpe não é um ato único. O ato inaugural foi o impeachment. Criminalizou-se a política fiscal do meu governo, chamando nosso modelo anticíclico contra a crise de ‘gastança’. Depois quando tomaram o poder, imprimiram um projeto completamente neoliberal que havia sido derrotado por quatro vezes consecutivas nas urnas. Finalmente, agora, com o uso do lawfare, utilizando processos jurídicos para vencer o inimigo, querem tirar Lula do processo eleitoral, porque sabem que não produziram nenhum candidato para concorrer com Lula”, resumiu a presidenta.
Na parte da manhã dos Diálogos, também falaram a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, e uma série de representantes da esquerda latina e europeia: Sandra Lazo, vice-presidenta da Frente Ampla, do Uruguay, Francisco Cafiero, da Coppal (Conferência Permanente de Partidos Políticos da América Latina), Marco Consolo, do Partido da Esquerda Européia, Oscar Laborde, da Frente Transversal da Argentina, Victor Baez, da Confederação Sindical das Américas, e Marita Gonzales, da Confederação Geral dos Trabalhadores a Argentina.
Esta última lembrou que o Mercosul tinha um projeto regional democrático de participação social, mas, na medida em que governos de matriz conservadora foram assumindo o poder nos países do bloco, se tornou quase apenas um tratado de livre comércio. “Com isso, estamos perdendo um grande projeto de restauração e soberania regional”, destacou a sindicalista.
Já Victor Baez, da Confederação Sindical das Américas, destacou o processo de judicialização da política, que ocorre no Brasil, mas não só no Brasil. “A direita brasileira e de outros países do continente está reagindo contra a democratização fazendo uso de métodos judiciais, atacando nos tribunais aqueles que não seriam vencidos nas urnas”.
Para o italiano Marco Consolo, do Partido da Esquerda Europeia, o que se assiste no caso de Lula é “um julgamento sem nenhuma imparcialidade, comandado pela mídia, baseado em delações premiadas sem credibilidade e com o objetivo claro de chegar à condenação definitiva do ex-presidente Lula a tempo de impedir sua participação nas eleições”.
Consolo sugeriu ainda a criação de um comitê internacional de juristas em defesa de lula. “Nós nos comprometemos a realizar ações no Parlamento Europeu e nos congressos nacionais para denunciar esta farsa jurídico-midiática que acontece aqui”.
A mesma farsa abordada por Consolo foi o destacada por Oscar Labordi, da Frente Transversal da Argentina, que apontou o caráter internacional que possui esta onda conservadora que tenta afogar Lula e o PT. “O que hoje sofre Lula e a presidenta eleita, também já sofreu Manuel Zelaya, em Honduras, e Fernando Lugo, no Paraguai.
Por fim, a presidenta Gleisi Hoffmann afirmou que condenar lula sem provas será uma violência contra ele, contra a democracia e contra o povo brasileiro. “O Brasil não vai aceitar passivamente outra decisão que não seja declarar Lula inocente. O TRF-4 tem a oportunidade de mostrar isenção e fazer Justiça pela primeira vez neste processo.”
(Da Redação da Agência PT de Notícias)