Representantes de sindicatos e entidades que defendem os servidores públicos acusaram o governo Temer de tentar manipular a opinião pública ao classificar a categoria como privilegiada nas propagandas em defesa da Reforma da Previdência. Durante audiência pública na Comissão do Trabalho da Câmara, os sindicalistas afirmaram que o objetivo do governo Temer ao atacar os servidores é tentar viabilizar a reforma para garantir grandes ganhos ao mercado financeiro. A reunião foi presidida pelos deputados Marcon (PT-RS) – idealizador da reunião- e Nilto Tatto (PT-SP).
Para o representante da Federação de Sindicatos de Trabalhadores em Educação das Universidades Brasileiras (Fasubra), Gilvan Jordão, a propaganda do governo contra os servidores é mentirosa e precisa ser combatida.
“Nossa primeira tarefa deve ser desmontar essa propaganda mentirosa do governo Temer, que coloca os servidores públicos como privilegiados, enquanto tenta aprovar a Reforma da Previdência e ainda adia o nosso reajuste e congela nossas carreiras. O objetivo é claro, reduzir o valor do trabalho e das aposentadorias, para aumentar os ganhos do grande capital nesse momento de crise econômica”, declarou.
De acordo com Gilvan Jorão, os verdadeiros privilegiados que a propaganda não aponta são os políticos corruptos e as grandes empresas que obtém do governo Temer o perdão de dívidas bilionárias. Já o representante da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip), Vilson Romeiro, afirmou que a realidade demonstra que os servidores não têm privilégios ao se aposentar.
“Poucos divulgam que os servidores contribuem com o teto da Previdência até mesmo depois que se aposentam, e que não têm direito ao FGTS”, observou. Romeiro lembrou ainda que, desde 2013, os servidores públicos se aposentam ganhando, no máximo, o teto do INSS (R$ 5.531,31). “Se quiserem complementar a aposentadoria precisam contribuir com o Fundo de Previdência dos Servidores Públicos (Funpresp) ”, disse.
A representante da Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e do Ministério Público da União (Fenajufe), Adriana Faria, afirmou que “o servidor público é um trabalhador assalariado como outro qualquer. Não estamos nas camadas mais ricas da população”.
Já a representante do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União (Sindilegis), Magda Chaves, lembrou ainda que os servidores públicos “têm salário limitado pelo teto constitucional, trabalham exclusivamente no serviço público e tem desconto da Previdência nos contracheques, mesmo depois de aposentado”.
Ao também criticar a campanha da reforma que tenta jogar a população contra os servidores públicos, o representante do Sindicato Nacional dos Auditores e Técnicos Federais de Finanças e Controle (Unacon Sindical), Rudinei Marques, destacou a importância da categoria no atendimento das necessidades básicas da população.
Ele informou que, em 1994, o Brasil possuía 654 mil servidores públicos federais em todo o país. Em 2013 chegamos a 715 mil, um aumento de menos de 10%. No mesmo período, a população saltou de 156 milhões para mais de 200 milhões, um aumento de 30%. Esse aumento, segundo ele, refletiu na demanda por serviços públicos.
“Esses serviços aumentaram exponencialmente no mesmo período dos governos do PT (Lula e Dilma). No Bolsa-Família, o número de benefícios passou de 3,5 milhões para 13,8 milhões. Os procedimentos ambulatoriais do SUS passaram de 146 milhões para 552 milhões. Já na educação, as matrículas na educação infantil passaram de 4,4 milhões para 5,6 milhões, e no ensino fundamental em tempo integral de 1,3 milhões para 4,5 milhões”, informou.
Deputados– Para o autor do requerimento, deputado Marcon e o deputado Niltto Tatto, somente a mobilização dos servidores públicos pode impedir o avanço da reforma da Previdência e de outros retrocessos nos direitos dos servidores públicos.
“Sinceramente, ou nós paramos esse país ou esse governo vai esculhambar o povo brasileiro. Infelizmente, sozinhos aqui não vamos segurar o rojão. Temos que trancar a Reforma da Previdência com o povo na rua ainda esse ano, porque não acredito que algum louco vai querer aprovar essa reforma no próximo ano”, ressaltou.
Por sua vez, Tatto disse que “é importante manter a pressão nas ruas para defender os interesses dos servidores públicos”.
Héber Carvalho
Foto: Gustavo Bezerra/PTnaCâmara