Em discurso de abertura na Assembléia Geral das Nações Unidas nesta quarta-feira (23), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que um ano após a crise financeira mundial os países ainda resistem em regular os mercados e se abrigam em medidas protecionistas. “A maioria dos problemas de fundo não foi enfrentada. Há enormes resistências em adotar mecanismos efetivos de regulação dos mercados financeiros”, afirmou Lula.
“Há sinais inquietantes de recaídas protecionistas”, advertiu o presidente.
Ele reiterou a reforma dos organismos multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, medida que também aponta resistência por parte da comunidade internacional.
Lula alertou também para a “paralisia” da Rodada de Doha, que prentende liberalizar o comércio internacional.
Quanto à saída do Brasil da crise, disse que o País não fez mágica e sim preservou o sistema financeiro da especulação e reduziu a vulnerabilidade externa
O presidente oltou a defender a presença do Estado na economia. “(O que faliu) foi a doutrina absurda de que os mercados podiam auto-regular-se, dispensando qualquer intervenção do Estado, considerado por muitos um mero estorvo”, disse.
Lula alertou que sem vontade política “persistirão anacronismos” como o embargo econômico contra Cuba e golpes de Estado, como o que derrubaram o presidente hondurenho, Manuel Zelaya.
Aplaudido, Lula disse que “a comunidade internacional exige que Zelaya reassuma imediatamente a Presidência de seu País e deve estar atenta à inviolabilidade” da embaixada brasileira lá.
O presidente brasileiro voltou a cobrar uma atuação maior dos países ricos no combate às mudanças climáticas. “Todos os países devem empenhar-se em realizar ações para reverter o aquecimento global”. E prometeu que, mesmo com a descoberta do pré-sal, “o Brasil não renunciará à agenda ambiental para ser apenas um gigante do petróleo”.