A resistência ao sistema eleitoral chamado “Distritão” ganhou força com a adesão de mais partidos políticos à recém-criada Frente Ampla Anti-distritão. A informação foi anunciada pelo líder da bancada do PT, deputado Carlos Zarattini (PT-SP) e pelo líder da Minoria, deputado José Guimarães (PT-CE), durante a reunião da Frente, nesta terça-feira (15).
Desta forma, ampliou para 10 o número de partidos que fazem parte da trincheira oposicionista ao sistema. Parlamentares do PT, PC do B, PR, Psol, PHS, PSB, PPS e PRB, PPS e PV engrossam a frente criada na semana passada para resistir à posição daqueles que dominam a velha política e que pretendem se perpetuar por meio de um sistema que regride, ao não democratizar a representação parlamentar. A proposta foi introduzida no relatório da reforma política do deputado Vicente Cândido (PT-SP), prevista para ir a plenário nesta quarta-feira.
“Estamos indo muito bem. Conseguimos ampliar a frente ampla agora com o PPS e o PV. Achamos que teremos condições de derrotar o Distritão, que é um sistema que vem junto com o golpismo”, manifestou o líder do PT.
Para Zarattini, o objetivo dos defensores desse modelo é excluir da disputa política eleitoral setores da sociedade que não têm condições de disputar com o poder aquisitivo e midiático. “Eles querem mudar o sistema eleitoral para tentar excluir as oposições democráticas do jogo político, através de um sistema onde prevalecem os mais ricos e aqueles que têm projeção na mídia. Ou seja, o papel da mídia e do dinheiro vai ser determinante se for aprovado o Distritão”, sentenciou Zarattini.
De acordo com o deputado, o Distritão, se aprovado, contraria o sistema proporcional. Para ele, esse sistema, na prática, “joga na lata de lixo” os partidos políticos para prevalecer o individualismo. “A renovação política é fundamental porque traz ao Parlamento ideias novas, ideias diferentes que não estavam previstas, que não estavam colocadas, que não apareceram no debate”, defendeu Carlos Zarattini.
Avaliou o deputado José Guimarães que, diferentemente do que propalam os defensores do Distritão, comandados pelo PMDB, eles não contam com 308 votos para aprovar esse sistema eleitoral na Câmara.
“Ampliamos o diálogo com bancadas de todos os partidos. Nós temos votos no PSD, PSDB e outros. Portanto, nos nossos cálculos, há muita distância entre os que eles dizem – que tem os 308 votos -, e a realidade aqui na Casa. O Distritão está na UTI. Amanhã a gente desliga o aparelho e ele morre na votação em plenário”, assegurou Guimarães.
Acredita o líder do PPS, deputado Arnaldo Jordy (PA) que o Distritão vai “piorar” o atual sistema de representação política eleitoral no Brasil. “O Distritão acaba com toda a perspectiva de construção coletiva, de valores, de paradigmas, de programas. Isso tudo será sepultado. Vão privilegiar as grandes celebridades, as figuras com poder econômico. A nossa posição é radicalmente contra o Distritão”, anunciou.
Financiamento eleitoral – Ao se pronunciar sobre o financiamento público de campanha, um dos itens que consta no relatório da Reforma Política (PEC 77/16), que também será analisado pelo plenário da Câmara, o líder da Bancada do PT, Carlos Zarattini disse que o partido continua defendendo o financiamento público, combinado com financiamento da pessoa física. “Essa junção vai gerar um sistema que chamamos de financiamento misto de campanha. O financiamento público é justo porque ele garante igualdade entre partidos e candidatos”, defendeu Zarattini.
“Se a gente só tiver financiamento privado da pessoa física, até porque não existe mais o financiamento empresarial, significará que os mais ricos vão prevalecer sobre os mais pobres, então, já começa a distorção na igualdade democrática que é necessária nas eleições”, esclareceu o deputado.
Benildes Rodrigues
Foto: GustavoBezerra/PtnaCâmara