Representantes dos trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) criticaram nesta quinta-feira (6) a direção da empresa pela tentativa de jogar nas costas dos trabalhadores da instituição a responsabilidade pelo déficit existente no caixa da empresa. Segundo eles, o desequilíbrio nas finanças ocorre porque – entre outros pontos- parte do lucro é repassado ao governo federal e também porque a empresa compromete parte da arrecadação em patrocínios. As críticas aconteceram durante audiência pública na Comissão da Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e Amazônia, por iniciativa do deputado Angelim (PT-AC).
A direção dos Correios defende a existência de um rombo de 4 bilhões de reais nos cofres da empresa, acumulados nos últimos dois anos. Como solução para o déficit, a ECT propõe a adoção de um Plano de Demissão Voluntária (PDV), o fechamento de 200 agências em todo o País e a redução na contrapartida da empresa no pagamento do plano de saúde dos funcionários.
Para o presidente da Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores dos Correios (FINDECT), José Aparecido Gimenes Gandara, o caixa da empresa pode ser fortalecido sem a retirada de direitos ou o desligamento de funcionários.
“Entre os problemas dos Correios está o repasse de dividendos ao governo federal de 2,816 bilhões de reais apenas entre os anos de 2015 e 2016. Também não precisamos expor nossa marca ou manter patrocínios, que é de responsabilidade da União. Os carteiros são os nossos esportistas, andam até 20 quilômetros por dia carregando uma sacola com até 10 quilos nas costas. São os nossos heróis”, enfatizou, ao lembrar os altos custos de patrocínios mantidos pela empresa.
Já o secretário geral da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), José Rivaldo da Silva, criticou o presidente da ECT, Guilherme Campos Junior, por expor negativamente a imagem dos Correios na imprensa.
O deputado Angelim, autor do requerimento que viabilizou o debate, disse que o fortalecimento da instituição não pode ocorrer às custas dos interesses da população – com fechamento de agências – e dos funcionários dos Correios.
“Em municípios mais distantes a agência dos Correios é o único meio que as populações têm de receber suas cartas, encomendas e até de acessar serviços pelo Banco Postal. A empresa também não pode penalizar os trabalhadores com o PDV, que é uma clara ameaça e chantagem”, afirmou.
Também participaram da audiência pública o presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Correios, deputado Leonardo Monteiro (PT-MG), e os deputados petistas João Daniel (SE) , Zé Geraldo (PA), Maria do Rosário (RS) e Margarida Salomão (MG).
Héber Carvalho e Ivana Figueiredo
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Foto: Gustavo Bezerra/PTnaCâmara
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