Não será desta vez que o ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB-PR), prestará esclarecimento à sociedade brasileira sobre as supostas ilegalidades que pesam sobre seu nome. A tropa de choque do PMDB que compõe a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle atuou fortemente, nesta quarta-feira (29), para impedir a aprovação do requerimento de convocação do ministro apresentada pelo deputado Jorge Solla (PT-BA). Serraglio foi pego em escuta telefônica da Polícia Federal durante as investigações da Operação Carne Fraca.
“É paranoica a tentativa de inviabilizar a presença de um ministro aqui. Ele tem obrigação de esclarecer as acusações que fizeram contra ele”, afirmou Jorge Solla, se referindo a trecho da escuta em que o ministro aparece se dirigindo a um dos líderes do esquema que beneficiava frigoríficos como “grande chefe”. Essa era a denominação de Daniel Gonçalves Filho, ex-superintendente regional do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa).
De acordo com o parlamentar petista, Osmar Serraglio teria a oportunidade de explicar ao país as graves acusações que o colocam sob suspeição pela sua conduta revelada no âmbito da Operação da PF.
“Eu estava na expectativa de que esta comissão chancelasse a convocação, diferentemente do que ocorreu no semestre passado – quando os deputados da base governista trabalharam para inviabilizar todos os convites e convocações apresentadas. Era uma prática de blindar completamente o acesso desta comissão ao debate transparente e democrático com ministro do governo”, acusou Jorge Solla.
O deputado rebateu o argumento do deputado Hugo Motta (PMDB-PB) de que a convocação de Serraglio seria um desserviço ao Brasil. “Dizer que é um desserviço porque o setor de carne está ameaçado, logo ele, que foi presidente da CPI da Petrobras no período em que a CPI ajudou a espetacularizar a situação da empresa e destruir milhares de empregos”, observou.
Frisou ainda o petista que os golpistas fizeram questão de transformar a Petrobras num espetáculo para ajudar a destruir as condições de governabilidade da presidenta Dilma Rousseff. “A situação irresponsável com a qual estão tratando a carne é a mesma como trataram a Petrobras. É preciso debater isso para evitar que o que fizeram com a cadeia de petróleo e gás se repita com a cadeia da carne neste país”, disse Jorge Solla.
Benildes Rodrigues
Foto: Lúcio Bernardo Jr