De Filippi apresenta proposta para acelerar formação de engenheiros

DefilipiO deputado José de Filippi (PT-SP), em discurso no plenário da Câmara, expôs argumentos para respaldar uma proposta de alteração dos ciclos de aulas dos cursos de engenharia, sem reduzir a carga horária, sem alterar o conteúdo curricular e sem comprometer a qualidade do ensino.

 

O objetivo da mudança é antecipar a conclusão do curso e, consequentemente, atender à necessidade do Brasil, que apresenta um déficit considerável de engenheiros – fato que pode comprometer as obras de infraestrutura do País num futuro próximo.

Segundo dados apresentados pelo deputado, o número de alunos que concluem engenharia é muito baixo se comparado ao universo total de formados no Brasil. “O nosso País forma, por ano, 800 mil universitários, sendo que, desse total, apenas 4% são engenheiros”, afirmou. Isso significa que para cada grupo de 25 formados apenas um é engenheiro. “Vemos que, na Alemanha, 12% dos profissionais universitários são engenheiros; no Japão, 19%; na Índia, 15%; na Rússia, 18%; e na China, 13%”, completou.

A proposta de José de Filippi é alternar 12 semanas de aula com quatro de férias, o que equivaleria durante o ano a três ciclos de aula, finalizados cada um deles por um mês de férias. A mudança também prevê uma semana a mais para o Natal e o Ano Novo, uma semana a mais para o Carnaval e duas semanas de tempo necessário para ajustar o calendário do ano. “Com isso, teríamos a mesma carga horária, o mesmo conteúdo e a garantia de que, em três anos e aproximadamente cinco meses, formaríamos os novos engenheiros de que a sociedade tanto precisa”, argumentou. A intenção do parlamentar é levar a proposta ao Conselho Nacional de Educação.

O deputado fez referência durante seu discurso a uma estimativa do ex-reitor da Universidade de São Paulo (USP) Roberto Leal Lobo de que, nos próximos anos, serão necessários 500 mil engenheiros para dar conta de toda a demanda de construção, de infraestrutura e de investimentos no Brasil. Porém, outro dado que agrava esse cenário futuro é que, no País, ingressam nas escolas de Engenharia, aproximadamente, 100 mil estudantes, mas somente 35 mil chegam ao fim do curso. “Portanto, temos uma evasão enorme. Tenho certeza de que um dos motivos é essa longa duração de cinco anos”, ponderou.

Com a proposta de manter o mesmo conteúdo de aproximadamente 60 disciplinas em um período menor de curso, José de Filippi reforçou que essa equação promoverá um “ganha-ganha”. A sociedade ganha, argumentou o deputado, porque vai ter a presença de profissionais qualificados para o seu desenvolvimento e os novos engenheiros ganham porque, “com três anos e meio, já poderão sair, receber seu primeiro salário e contribuir, enfim, tanto para a sua família como para o seu futuro”.

O parlamentar ainda destacou a importância da inciativa do governo federal de investir em novas universidades e de incentivar o ensino público e gratuito, o que contribui para começar a mudar outra característica dos cursos de Engenharia: dos 1.800 cursos, no Brasil, 1.512 são oferecidos pela iniciativa privada, ou seja, 67% das vagas.
“Eu não tenho dúvida de que esse é um dos fatores que levam muitos jovens e muitas famílias a não terem a capacidade de manter, durante cinco anos, o pagamento dessas mensalidades, mesmo com o Prouni, com o crédito educativo e com outros mecanismos que nós podemos aperfeiçoar”, avaliou.

Tarciano Ricarto

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