Acabou o governo de Michel Temer, o breve. Embora ele continue no cargo, sua lápide política está sendo erguida em ritmo acelerado desde a delação premiada do executivo da Odebrecht que o citou nada menos do que 43 vezes no depoimento que foi divulgado pela grande mídia na última sexta-feira (9). Nesta terça-feira (13), quem sugeriu a renúncia de Temer foi simplesmente o líder do governo no Senado, Ronaldo Caiado (DEM-GO), um dos líderes da direita e porta-voz do setor ruralista. “Ele deve ter a sensibilidade que não teve a presidente Dilma”, resumiu Caiado ao Estadão, sem assumir explicitamente sua posição.
No sábado, o Jornal Nacional fez com Temer o que já virou tradição contra o PT, Lula e Dilma ao longo da última década: um massacre. No total, 25 minutos dedicados à delação que colocou Temer no centro do escândalo que envolve a empreiteira e boa parte dos partidos e políticos que conspiraram para afastar Dilma Rousseff da presidência.
“O governo Temer derrete no Palácio, na opinião pública e no Congresso. Temer não tem mais condição nenhuma de permanecer no cargo e impor a votação, por exemplo, dessa retirada de direitos previdenciários com a sua proposta de reforma. A declaração do líder Caiado é a prova disso”, avalia o deputado Afonso Florence (PT-BA), líder do PT na Câmara.
Para o deputado José Guimarães (PT-CE), o Brasil está numa “encruzilhada” e a saída de Michel Temer é a solução. “Não é só a voz da oposição e do povo. Gente da base do governo reconhece que não há condições para que Michel Temer unifique o país. Nesses oito meses em que está no governo, ele desconstruiu o nosso legado de políticas públicas, agravou a crise institucional e, portanto, inviabilizou econômica e politicamente o Brasil. A saída é a sua renúncia e a convocação de eleições diretas”, afirma Guimarães, que foi líder do governo Dilma na Câmara.
“A declaração de um dos líderes do governo golpista mostra o nível da crise a que nós chegamos. Mais do que nunca está provado que o golpe não se justificou. A elite brasileira, em conluio com o grande capital internacional, entende que Temer já cumpriu o seu papel e querem substituí-lo. Mas eles querem dar um golpe dentro do golpe, enquanto nós queremos eleições diretas. Não podemos admitir eleições indiretas dentro do Congresso Nacional”, acrescentou o deputado Enio Verri (PT-PR).
Na mídia, além do Jornal Nacional, a Folha de São Paulo divulgou pesquisa do Datafolha – realizada antes de vir a público a delação premiada do ex-executivo da Odebrecht – apontando que 63% da população quer a renúncia de Temer. O mesmo jornal publicou nota reveladora na coluna Painel, no domingo (11): “Com delação da Odebrecht, partidos da base de Temer já avaliam desembarcar do governo”.
Quanto tempo mais Temer ficará no Planalto? Façam suas apostas.
Rogério Tomaz Jr.