Agentes da Polícia Civil invadiram a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) em Guararema, São Paulo, na manhã desta sexta-feira (04) e chegaram a realizar disparos de armas de fogo.
Cerca de 10 viaturas chegaram ao local em torno das 09h25, pularam o portão da Escola e a janela da recepção e entraram atirando em direção às pessoas que se encontravam na escola.
A operação em SP decorre de ações deflagradas no estado do Paraná e Mato Grosso do Sul, ligadas ao caso Araupel, empresa que há décadas explora irregularmente parte de uma área considerada pública no município de Quedas do Iguaçu, no Paraná.
A empresa tem um histórico de conflito e degradação ambiental na região, com a substituição das matas nativas por monocultura de pinus e araucária, visando a indústria da madeira.
Desde maio de 2014 aproximadamente 3 mil famílias acampadas ocupam áreas griladas pela Araupel. Essas áreas foram griladas e por isso declaradas pela Justiça Federal terras públicas, pertencentes à União que devem ser destinadas para a Reforma Agrária.
Segundo o MST, “a empresa Araupel se constitui em um poderoso império econômico e político, utilizando da grilagem de terras públicas, do uso constante da violência contra trabalhadores rurais e posseiros, e muitas vezes atua em conluio com o aparato policial civil e militar, tendo inclusive financiado campanhas políticas de autoridades públicas, tal como o chefe da Casa Civil do Governo Beto Richa, Valdir Rossoni”.
No dia 07 de abril de 2016, nas terras griladas pela Araupel, as famílias organizadas no Acampamento Dom Tomas Balduíno foram vítimas de uma emboscada realizada pela Policia Militar e por seguranças contratados pela Araupel.
No ataque, onde foram disparados mais de 120 tiros, ocorreu a execução de Vilmar Bordim e Leomar Orback, além de inúmeros feridos a bala. Nesse mesmo latifúndio em 1997 pistoleiros da Araupel assassinaram em outra embosca dois trabalhadores Sem Terra. Ambos os casos permanecem impunes.
Leia a íntegra da nota do MST sobre a invasão da ENFF:
Policia invade ENFF sem mandado de busca e apreensão
“Na manhã desta sexta-feira (04), cerca de 10 viaturas da polícia civil e militar invadiram a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) em Guararema, São Paulo.
De acordo os relatos, os policiais chegaram por volta das 09h25, pularam o portão da Escola e a janela da recepção e entraram atirando em direção às pessoas que se encontravam na escola. Os estilhaços de balas recolhidos comprovam que nenhuma delas são de borracha e sim letais.
Neste momento, a polícia está em frente à ENFF. Diante da ação de advogados, os policiais recuaram. A invasão na Escola ocorreu sem mandado judicial, o que é ilegal.
O MST repudia a ação da polícia de São Paulo e exige que o governo e as instituições competentes tomem as medidas cabíveis nesse processo. Somos um movimento que luta pela democratização do acesso a terra no país e a ação descabida da polícia fere direitos constitucionais e democráticos.
A operação em SP decorre de ações deflagradas no estado do Paraná e Mato Grosso do Sul. A Polícia Civil executa mandados de prisão contra militantes do MST, reeditando a tese de que movimentos sociais são organizações criminosas, já repudiado por diversas organizações de Direitos Humanos e até mesmo por sentenças do STJ.”
Da Redação da Agência PT de notícias
As imagens das câmeras de segurança da ENFF – Escola Nacional Florestan Fernandes –
mostram o momento exato que a polícia invade as dependências da escola.
https://www.facebook.com/levantepopulardajuventude/videos/1295518707180347/
O Ator Wagner Moura manifesta solidariedade a escola do MST